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Após um ano da tragédia, obras de contenção tentam evitar retorno de rejeitos ao Rio Doce

Quarto capítulo da série sobre a tragédia de Mariana que afetou o Espírito Santo mostra o andamento das barreiras para conter uma possível nova onda de lama devido às chuvas de verão

Reportagem mostra como estão as obras para conter uma futura nova onda de lama de rejeitos  Foto: TV Vitória

Um canteiro de obras gigante, com mais de três mil homens e 400 equipamentos trabalhando para tentar conter as três barragens que fazem parte da unidade operacional da Samarco, em Mariana. Esse é o cenário do quarto episódio da série que retrata os impactos da tragédia de Fundão um ano após a lama chegar ao Estado pelo Rio Doce.

As atividades começaram logo após o rompimento da estrutura de Fundão, no ano passado, como explicou o coordenador de obras da Samarco, Eduardo Moreira: “Nós tínhamos, logo após o rompimento, duas grandes missões: primeiro restabelecer a segurança através das estruturas remanescentes e depois, numa outra linha, desenvolver engenharia e implantação de um sistema de contenção da lama remanescente”.

O período de chuva preocupa. Por isso, intervenções como barreiras e diques foram reforçados e outras foram construídas recentemente. Tudo para diminuir a velocidade da lama em caso de um possível deslocamento da massa provocado por um temporal. “Todo esse sistema de contenção visa exatamente mitigar ou bloquear essa possível movimentação do rejeito ainda remanescente ao longo desse trajeto e dentro do reservatório”, frisou o coordenador. 

Além das estruturas emergenciais, a mineradora vem construindo outras que deverão atender demandas em longo prazo. Um exemplo é a obra da antiga barragem de Fundão que, quando estiver pronta, armazenará 20 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério.

Seguindo o trajeto da lama, a cinco quilômetros de Fundão, está a terceira e última barragem do complexo, batizada de Santarém. A estrutura armazenava água reutilizada no processo de extração do minério antes do desastre. Com o rompimento, foi tomada pelos rejeitos e agora passa por obras para a construção de uma nova barragem.

Mais a frente, o distrito de Bento Rodrigues será transformado em um dique. A obra é considerada pela Samarco como a parte final das ações de contenção dos rejeitos. Toda a área deverá ser alagada assim que a construção do dique s4 for concluída. A previsão é de que as obras terminem em janeiro de 2017.

A Samarco também providenciou mudanças nos sistemas de controle. “Nós temos uma fase de monitoramento que foi acrescida de diversos instrumentos, que permitem a gente monitorar além do nível de água contido na barragem, que é uma informação muito importante para avaliar a estabilidade da barragem. Isso permite que nós visualizemos qualquer deslocamento que ocorra numa estrutura através de uma tecnologia de radar”, afirmou o coordenador de emergências da Samarco, Flávio Timóteo

Os equipamentos foram instalados em todas as barragens e transmitem informações sobre a estabilidade das estruturas, instrumentos que não estavam disponíveis quando o desastre aconteceu. “A informação que estava indisponível era a de telemetria, o sistema de transmissão de dados por manutenção”.

Muito investimento, obras, reformas tudo para reerguer a gigante que produzia mais de 30 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro e lucrava R$ 2,8 bilhões anualmente. Esforço que, para o engenheiro agrônomo Hélder Carnielli,  não precisaria acontecer.

“Foi erro de fiscalização por parte do órgão responsável, de fiscalização do órgão ambiental responsável, dos governos estaduais, do governo federal e da própria Samarco, porque a empresa tem de ter a responsabilidade; o bem, o lucro, o patrimônio fica com ela, então a manutenção também é de responsabilidade dela”

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