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Após anúncio de Cuba, mais de 200 médicos cubanos podem deixar o Espírito Santo

Atualmente cerca de 210 médicos atuam em todo o Espírito Santo desde que o programa foi criado em 2013

Andressa Balbi

Redação Folha Vitória
Foto: Agência Brasil

O governo cubano anunciou nesta quarta-feira, 14, a decisão de não continuar participando do programa social Mais Médicos do Brasil após declarações "ameaçadores e depreciativas" do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O convênio com o governo cubano é feito entre Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Já no Espírito Santo, cerca de 210 médicos atuam em diferentes municípios do estado, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Em todo Brasil, o programa Mais Médicos conta com 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras. Segundo o governo cubano, em cinco anos de trabalho no programa brasileiro, cerca de 20 mil médicos atenderam a 113.539 milhões de pacientes em mais de 3,6 mil municípios.

Em conversa com o jornal online Folha Vitória, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Celso Murad, disse que Cuba tem a total liberdade de decidir sobre os programas que deseja participar. Para Celso, a decisão tomada nesta quarta-feira (14) pelo governo federal de Cuba só vai somar, já que para ele, o Brasil conta com o número de médicos suficiente para atender às demandas da população.

Além disso, o presidente do CRM-ES, reforça que o Espírito Santo teve uma perda significativa nos municípios onde o programa Mais Médico foi implementado. Isso por conta das vagas ocupadas por médicos estrangeiros. "No meu ponto de vista, esse programa beneficiou apenas o lado político. As vagas de profissionais que atuavam no estado foram ocupadas por médicos de outro País", destacou.

Celso acredita que o governo de Cuba tomou essa decisão apenas por fatores econômicos. " Eles tinha outro planejamento de ganho. A declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro não favorece o governo federal de Cuba" disse

Por meio de nota, o Ministério da Saúde também se manifestou dizendo que recebeu um comunicado da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em que o governo cubano afirmava o encerramento da parceira no programa Mais Médicos. O Ministério da Saúde relata, que diante do fato, o governo federal está adotando todas as medidas para garantir a assistência dos brasileiros atendidos pelas equipes da Saúde da Família que contam com profissionais de Cuba.

Foto: agencia

Segundo o órgão, a iniciativa imediata será a convocação, nos próximos dias, de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior.

Ainda com informações do Ministério da Saúde, desde 2016 o órgão trabalha na diminuição de médicos cubanos no programa. Até aquela data, cerca de 11.400 profissionais de Cuba trabalhavam no Mais Médicos em todo Brasil. Neste momento, 8.332 das 18.240 vagas do programa são ocupadas por eles.

O Ministério da Saúde, explica que outras medidas para ampliar a participação de brasileiros vinham sendo estudadas, como a negociação com os alunos formados através do FIES (Programa de Financiamento Estudantil). Essas ações poderão ser adotadas conforme necessidade e entendimentos com a equipe de transição do novo governo.

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