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Operação Raptores: 123 pessoas morreram em acidentes no ES com veículos adulterados por quadrilha

Segundo a PRF, foram registrados 1.264 acidentes com veículos adulterados. Entre eles, está o maior da história do Espírito Santo, que matou 23 pessoas

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Uma quadrilha que falsificava documentos de carretas foi desarticulada em uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), na manhã desta segunda-feira (21). Na operação, batizada de "Raptores", foram cumpridos 15 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão em três estados:  Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. No Estado, a Polícia Rodoviária Federal registrou 1.264 acidentes com veículos adulterados pela quadrilha, resultando na morte de 123 pessoas. Foram cumpridos cinco mandados de prisão e busca e apreensão, nos municípios de Vila Velha, Viana e Domingos Martins. 

Os policiais estiveram em um apartamento na Praia de Itaparica, em Vila Velha, com o objetivo de prender um suspeito de participar da quadrilha. Agentes da Polícia Rodoviária Federal, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), permaneceram no local por mais de duas horas. Eles recolheram documentos, mas não conseguiram encontrar o alvo da operação. 

Foto: Divulgação/PRF

Uma mecânica onde os veículos eram adulterados de forma clandestina, em Viana, também foi fechada pela polícia Rodoviária Federal. De acordo com a PRF, no galpão, localizado na BR-262, os veículos tinham a capacidade de carga aumentada sem passar por critérios e exigências dos órgãos de fiscalização.

Ainda de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a investigação mostrou que a quadrilha praticava várias irregularidades, como adulteração irregular de veículos de carga (inserção de eixo, ampliação ou redução do chassi), transformações e alterações cadastrais de veículo no Renavam, retirada de restrição administrativa e/ou judicial sem devida vistoria e supressão de restrição de grande monta.

Com isso, além de possibilitar o comércio de veículos furtados/roubados, o esquema também aumentava a capacidade e carga de veículos de forma ilegal e sem passar por critérios e exigências técnicas dos órgãos de fiscalização, levando risco para a estrada, já que as alterações afetavam partes importantes dos veículos, como freios, pneus e eixos.

A quadrilha usava eixos e peças de carretas já envolvidas em acidentes, desgastadas e com problemas estruturais irreversíveis, para fazer as adulterações. Documentos de um reboque de carro de passeio foram usados para fazer a adulteração para que servisse em uma carreta.

Os envolvidos contavam ainda com a ajuda de funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Minas Gerais e na Bahia, que tinham uma tabela de preço para cada serviço, desde a adulteração de dados no sistema e fornecimento de documentos falsificados.

Mais de 570 carretas alteradas por essa quadrilha foram identificadas. Destas, 128 com alterações e adulterações feitas na Bahia e 368 em Minas Gerais.

Acidentes
No Espírito Santo, a Polícia Rodoviária Federal registrou 1.264 acidentes com veículos adulterados pela quadrilha, resultando na morte de 123 pessoas. Entre os acidentes está o maior da história do Espírito Santo, que matou 23 pessoas na BR-101, em Guarapari, na madrugada do dia 22 de julho de 2017. A tragédia envolveu duas ambulâncias, uma carreta carregada de pedras e um ônibus de viagem que, na colisão, pegou fogo e ficou completamente destruído. 

Foto: Divulgação

O levantamento preliminar da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na época já apontava que uma falha mecânica na carreta que carregava toneladas de pedras – possivelmente a quebra de algum dos eixos – teria provocado o acidente.




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