Enem: primeiro dia de prova com questões sobre indígenas, minorias e "Admirável Gado Novo"
Exame nacional utilizou temáticas de minorias e direitos humanos, com questões envolvendo letras de música de Zé Ramalho e de Chico Buarque
O primeiro dia do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) foi marcado por questões relacionadas à meio ambiente e até à MPB. A música "Admirável Gado Novo", do cantor e compositor Zé Ramalho, foi utilizada como tema para que os estudantes analisassem questões de exclusão envolvendo indígenas e a população carcerária
A letra da música "Sinhá", de Chico Buarque, foi utilizada para abordar questões raciais.
O Enem começou neste domingo (21) com provas de ciências humanas, linguagens e redação.
Além da MPB, outros assuntos abordados nas questões foram os refugiados e o dilema das migrações, uso consciente da água e dos recursos naturais, a influência dos saberes tradicionais dos quilombolas, ameaça das mineradoras em territórios indígenas, a erotização dos corpos femininos. Uma charge do artista Henfil (1944-1988) foi usada para que os estudantes respondessem sobre o impacto social da vida da mulher após a maternidade.
Já a redação pediu que os candidatos desenvolvessem texto analítico sobre a "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". O tema faz referência a três milhões de brasileiros que não tem sequer registro de nascimento e que são consideráveis "invisíveis", não podendo ter acesso a serviços públicos como consultas médicas no SUS.
Com temática envolvendo questões de direitos humanos a minorias, a prova não teve "a cara do governo", como afirmou o presidente Bolsonaro na última semana.
Movimentação diferente no trânsito de domingo
Com sombrinhas nas mãos por conta da chuva que atinge a Grande Vitória na manhã deste domingo (21), os candidatos começaram a chegar ainda antes do meio-dia, quando os portões já estavam abertos.
A prova teve início às 13h30 e os portões fecharam às 13h.
Na Avenida Vitória, na capital, região onde se concentra diversos colégios e faculdades utilizadas como locais de prova, o fluxo intenso de veículos provocou congestionamento no trânsito. Alguns participantes precisaram descer dos carros e tiveram que concluir o percurso a pé, debaixo de chuva.
Mas nada que tire a esperança. A estudante Daiana Santana, 19 anos, quer fazer curso superior de Enfermagem. Ano passado ela não conseguiu. A pandemia prejudicou o andamento dos estudos mas ela está otimista. "Fui tentando me adaptar ao máximo, estudando em casa pela internet. A intenção é não deixar o nervosismo tomar conta. Vou começar por redação e depois vou alternando com as outras questões", informou.
Aos 65 anos, o escritor Benilson Pereira, 65 anos, também está tentando o Enem pela segunda vez. Quer estudar História depois de concluir a primeira graduação. Ele conta que nunca é tarde para começar um novo projeto. "Enquanto há vida, temos que resistir. Estou concluindo Pedagogia na Ufes. Com essa nova graduação, quero mesclar as duas formações para fazer pesquisa", planeja.
Números
O Enem foi aplicado neste ano para mais de 3 milhões de estudantes em todo o país. Mas ainda não acabou. No próximo domingo, dia 28 de novembro, os candidatos farão a segunda e última prova do Enem. Com questões de ciências biológicas e matemática.
O exame seleciona estudantes para vagas no ensino superior públicas, pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para bolsas em instituições privadas, pelo Prouni (Programa Universidade para Todos), e serve de parâmetro para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.
Medidas sanitárias
O Exame Nacional do Ensino Médio seguirá com as medidas de segurança contra a covid-19, que foram introduzidas na edição de 2020. Assim como no ano passado, o uso de máscara facial é obrigatório nos locais de aplicação.
Participantes com Covid-19 ou com outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer ao exame e podem solicitar a reaplicação. O descumprimento das regras poderá levar à eliminação do candidato.
As regras são válidas para as duas versões da prova, tanto na versão impressa quanto digital. Dentro da sala, os estudantes deverão permanecer com a máscara durante a realização do exame.
O edital prevê que a máscara deve ser usada da maneira correta, cobrindo o nariz e a boca. Caso isso não aconteça, o participante será eliminado.
Os candidatos poderão levar máscaras para troca durante a aplicação, seguindo a recomendação de especialistas da área de saúde.
O equipamento de proteção poderá ser retirado apenas para a identificação dos participantes e para comer e beber.
Sempre que retirarem a máscara, os participantes não podem tocar sua parte frontal e, em seguida, devem higienizar as mãos com álcool em gel próprio ou fornecido pelo aplicador.
As mãos deverão ser higienizadas também quando os participantes forem ao banheiro e no decorrer do exame. Além do uso da máscara e álcool em gel, se mantém o distanciamento social nas salas.
Candidatos diagnosticados com Covid-19 ou outras doenças infectocontagiosas, na semana que antecede o primeiro ou o segundo dia de prova do Enem não devem comparecer aos locais de prova e podem solicitar a reaplicação do exame.
Além da Covid-19, as regras se aplicam a candidatos com:
tuberculose,
coqueluche,
difteria,
doença invasiva por Haemophilus influenzae,
doença meningocócica e outras meningites,
varíola,
influenza humana A e B,
poliomielite por poliovírus selvagem,
sarampo,
rubéola,
varicela.
Esses candidatos têm até cinco dias úteis após o Enem para pedir a reaplicação. O pedido deverá ser feito na Página do Participante, acompanhado de documentos comprobatórios.
