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Donos de carreta envolvida em tragédia na BR-101 podem responder por 23 homicídios

Os irmãos foram presos pela Delegacia de Delitos de Trânsito, com o apoio da equipe da Delegacia Regional de Colatina

Os proprietários da empresa Jamarle Transportes, responsável pela carreta que se envolveu no grave acidente na BR-101, em Guarapari, podem responder por 23 homicídios. Leocir Braz Pretti e Jacimar Pretti, foram presos pela equipe da Delegacia de Delitos de Trânsito, com o apoio da equipe da Delegacia Regional de Colatina.

Os mandados das prisões foram expedidos pela Justiça de Guarapari porque, segundo a Polícia Civil, os irmãos estavam atrapalhando as investigações e ameaçando e aliciando testemunhas.

De acordo com o delegado Alberto Roque, da Delegacia de Delitos de Trânsito, se condenados eles podem responder também pelos crimes de lesão corporal dolosa e coação de testemunha, já que eles tentaram forçar testemunhas a mentir sobre os fatos.

"Eles vão responder pelo crime de 23 homicídios e para todas as vítimas que se lesionaram e se apresentaram também vai ter o crime de lesão corporal dolosa, além de coação a testemunha. O que ficou provado é que eles sabiam da situação, tinham domínio para mudar e pouco se importavam. Tanto que depois continuaram fazendo as mesmas coisas", afirmou o delegado.

Outros caminhões da empresa, além do envolvido no acidente, não foram periciados. No entanto, segundo o delegado, áudios demonstram que os outros veículos também apresentam problema de manutenção e, mesmo após a tragédia na BR-101, as negligências continuaram.

"Os áudios demonstram que outros veículos também têm problema de manutenção, como pneu careca e excesso de peso. São práticas comuns que continuaram a ocorrer mesmo após o fato de Guarapari. Uma testemunha ouvida falou que a orientação era que ele fugisse da fiscalização da balança da Serra por dentro de Aracruz com excesso de peso. As vias de lá não são apropriadas para esse tipo de caminhão e tipo de peso. Isso é um risco tremendo tanto para os moradores quanto para os usuários", explica Roque.

Apesar do laudo pericial ainda não ter sido concluído, o delegado afirma que o acidente não teria acontecido se o caminhão estivesse em boas condições.

"O laudo pericial não está pronto, está sendo feito minuciosamente, mas o que deu a entender de uma forma muito forte é que o fato não teria ocorrido se o caminhão estivesse em boas condições, sem excesso de peso. Ou seja, tudo isso é negligência, é ausência por parte dos donos da empresa de manutenção do veículo", conclui. 

Sobre o acidente
A batida envolvendo um ônibus interestadual, uma carreta carregada com uma pedra de granito e duas ambulâncias de municípios do interior do Estado aconteceu no dia 22 de junho. Vídeos mostraram o desespero das vítimas do acidente. No total, 23 pessoas morreram.

O número inicial era de 21 mortos, mas duas vítimas que deram entrada no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, em estado grave, não resistiram aos ferimentos e acabaram morrendo. Entre elas estava um jovem de 24 anos, que teve 95% do corpo queimado.

>> Veja outras vítimas da tragédia!

O secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, classificou o acidente como "a maior tragédia rodoviária do Espírito Santo". 


Reportagem: Thaiz Blunck

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