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"Todo idoso volta a ser criança". Conheça os mitos e verdades sobre o envelhecimento

Equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, enfermeira e nutricionista, desvenda as dúvidas relacionadas aos idosos

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou mais de 40 anos em 11 décadas. A notícia é boa, mas traz uma série de necessidades como: aprender a lidar melhor com os idosos, oferecer a eles serviços de qualidade, adequar o sistema previdenciário, etc. 

Diante desse cenário, é comum surgirem algumas dúvidas. Por esse motivo, a equipe multidisciplinar da Jequitibá Residência Assistida, formada pela enfermeira especializada em Terapia Intensiva para Adulto Larissa de Oliveira e pelo psicólogo Gustavo Souza, esclarece todas elas. Veja abaixo:

O trabalho ocupa um espaço importante na vida dos idosos

Verdade. O trabalho nunca deixa de representar um fator de engajamento social, uma realização em si mesmo, fonte de reconhecimento e criatividade. Ele estrutura o espaço, o tempo e as relações. De acordo com Gustavo Souza, ao se admitir a importância que tem o trabalho na vida de uma pessoa, é possível compreender o que pode representar a perda desse papel em certos momentos da vida, como no da aposentadoria.

Os idosos ainda estão em fase de aprendizagem

Verdade. As limitações comuns à idade não afetam a capacidade de aprender. A principal mudança ocorre na fixação do conteúdo novo. Segundo a enfermeira Larissa de Oliveira, os idosos precisam apenas aumentar a concentração para que a informação seja fixada. Contudo, aqueles que já apresentam algum quadro de demência podem ter mais dificuldades de memorização. Diante dessa situação, a sugestão do psicólogo Gustavo Souza é ter paciência e não gerar conflitos que atrapalham ainda mais a parte cognitiva do idoso.

Quando ficamos velhos ficamos mais esquecidos

Mito. O cérebro dos idosos são apenas mais lentos que os dos jovens. Isso porque, segundo a enfermeira Larissa de Oliveira, o órgão pode ser comparado a um computador que, quando está repleto de dados, demora mais tempo para processar suas informações. Essa lentidão não está associada a um declínio do processo cognitivo, que revela perda de memória, falta de atenção e dificuldades relacionadas ao raciocínio lógico. “Para evitar que os esquecimentos estejam presentes na rotina constantemente, invista em atividades prazerosas. Aprender a tocar um instrumento musical, fazer atividades que estimulam o convívio social ou até aprender uma nova língua pode ser um ótimo estímulo".

Todo idoso volta a ser criança

Mito. Segundo o psicólogo Gustavo Souza, infantilizar e tratar com carinho são coisas diferentes. Apesar de alguns comportamentos do idoso lembrarem os de uma criança, o idoso não vira criança novamente. Além disso, a infantilização é considerada por muitos até uma violência emocional.

A pele do idoso precisa de atenção redobrada

Verdade. Com o envelhecimento, a pele do idoso fica mais fina, com menos elasticidade e torna-se ressecada, precipitando coceiras e descamações. Para se hidratar de dentro para fora, a enfermeira Larissa de Oliveira recomenda a ingestão de água de coco, gelatina, chás e sucos, além de frutas ricas em líquidos, como o abacaxi e a melancia. Já para cuidar da pele externamente, sugere-se o uso de protetor solar e cremes, receitados por um dermatologista, que ajudam a hidratar e manter a pele sadia, contribuindo também para uma sensação de bem-estar.

A perda de memória é normal na velhice e não precisa ser tratada

Mito. A idade não é mais desculpa para esquecer as coisas. Problemas de memória em idosos, ao contrário do que se pensou por muito tempo, não são uma parte normal do envelhecimento e não devem ser subestimados por familiares e cuidadores. Isso porque, segundo o psicólogo Gustavo Souza, esses podem ser os primeiros sinais das demências, muito comuns na faixa etária após os 65 anos. Grosso modo, as demências se desenvolvem quando partes do cérebro que são responsáveis por aprendizado, memória ou linguagem são afetadas por alguma doença, como Alzheimer, multienfartes cerebrais, degeneração e morte das células do cérebro, entre outras.

O paladar muda na velhice

Verdade. Na velhice, a percepção geral do gosto decai por causa da diminuição do número de células sensíveis das papilas gustativas, que ficam na língua e são responsáveis pelo paladar. Por isso, segundo a enfermeira Larissa de Oliveira, alguns idosos perdem o interesse pela comida ou acrescentam mais sal ou açúcar aos alimentos para sentir mais o gosto. Uma alternativa é incluir temperos naturais aos pratos, como a cebola, o pimentão, o alho e o orégano, que realçam o sabor das refeições e fazem com que essa hora se torne mais atrativa.

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