
O celular se consolidou como uma das ferramentas mais importantes para promover autonomia e inclusão entre pessoas com deficiência. Relatórios internacionais mostram que a tecnologia móvel desempenha um papel crescente na superação de barreiras comunicacionais, sensoriais e de mobilidade. Apesar dos avanços, os dados indicam que ainda existem limitações estruturais e de acesso.
Estudos da GSMA revelam que pessoas com deficiência são menos propensas a possuir um smartphone quando comparadas à população geral. Essa diferença reduz o acesso a funcionalidades de acessibilidade integradas aos sistemas operacionais, como leitores de tela, ampliação de texto, legendas automáticas e comandos por voz. Um levantamento internacional identificou que apenas 22,6 por cento das pessoas com deficiência que possuem smartphone afirmam usar regularmente esses recursos, o que aponta para desafios relacionados à falta de conhecimento ou dificuldade de configuração.
A importância do celular para pessoas com deficiência visual
Entre usuários com deficiência visual, pesquisas indicam elevada dependência do celular para atividades diárias. Em um estudo com 466 participantes, 87,4 por cento afirmaram considerar que smartphones e tablets já substituem com eficiência dispositivos ópticos tradicionais. Os números também mostram que cerca de 90 por cento utilizam o celular para chamadas, mensagens e navegação na internet. Entre 70 e 80 por cento fazem uso de redes sociais, calendário e lembretes. Entre 60 e 70 por cento recorrem ao reconhecimento de texto por imagem e a serviços de leitura em áudio. Esses dados reforçam o impacto direto dos smartphones como ferramentas de tecnologia assistiva.
Desafios e Barreiras
Apesar disso, barreiras persistem. A GSMA identifica que o preço dos aparelhos continua sendo um entrave para parte da população com deficiência, especialmente em países de renda média. A falta de acessibilidade em sites, aplicativos e serviços digitais também aparece como um fator que limita o potencial inclusivo do celular. Em diversos contextos, usuários relatam dificuldades para compreender ou configurar recursos de acessibilidade, o que reduz o uso efetivo dessas funções.
No Brasil, estimativas recentes apontam que 8,9 por cento da população acima de dois anos apresenta algum tipo de deficiência, segundo dados reunidos pelo Cetic.br. Embora o uso de internet cresça entre pessoas com deficiência, a ausência de acessibilidade digital permanece como um problema frequente, o que impede que dispositivos móveis desempenhem plenamente seu papel de promover independência e inclusão.
O Potencial da Tecnologia e Próximos Passos
Os dados mostram que o celular tem potencial para reduzir barreiras, ampliar comunicação, fortalecer vínculos sociais e permitir maior participação na vida pública. Para que esse potencial seja alcançado de forma ampla, especialistas defendem políticas contínuas de acessibilidade digital, divulgação de recursos assistivos e redução das desigualdades no acesso à tecnologia.