Resenha da obra "Liberalismo", de Ludwig von Mises

Ludwig von Mises, nascido em 1881, destacou-se como um dos maiores teóricos da Escola Austríaca de economia, sendo um defensor incansável da liberdade individual e do livre mercado. Em Liberalismo, publicado originalmente em 1927, Mises oferece uma análise precisa dos fundamentos políticos e econômicos que sustentam o liberalismo clássico, abordando a liberdade individual como o pilar essencial de uma sociedade próspera.

O livro, dividido em cinco capítulos, expõe de forma clara os princípios que regem o pensamento liberal. Mises apresenta o liberalismo não como uma simples corrente política, mas como uma ciência baseada no entendimento da natureza humana e da economia de mercado. Ressalta-se que a liberdade individual é o verdadeiro motor do progresso, e que somente através dela as sociedades podem alcançar a prosperidade e a paz.

No primeiro capítulo, “A base da sociedade liberal”, Mises discorre sobre a natureza da cooperação social e o papel das instituições que garantem a ordem e a paz. A cooperação voluntária, proporcionada pelo livre mercado, é apresentada como o único meio eficaz de organizar uma sociedade. O liberalismo se baseia na propriedade privada dos meios de produção, estimulando o crescimento econômico e assegurando a liberdade de cada indivíduo.

No segundo capítulo, “Liberalismo e capitalismo”, Mises defende que o capitalismo é o único sistema econômico compatível com a liberdade individual. As críticas ao capitalismo são refutadas, argumentando-se que as desigualdades geradas são um reflexo da liberdade de escolha e da capacidade de cada indivíduo de criar valor. O acúmulo de capital é essencial para o progresso social e para a inovação, beneficiando todos, especialmente os mais pobres, ao elevar o padrão de vida geral.

O Estado e o Governo

O terceiro capítulo, “O Estado e o governo”, trata da função do governo dentro de uma sociedade liberal. O papel do Estado deve ser limitado à proteção dos direitos dos indivíduos e à garantia da segurança. Qualquer interferência estatal na economia, seja por meio de regulações ou de intervenções mais amplas, prejudica a liberdade e o bem-estar geral. O governo é considerado um “mal necessário” cuja presença deve ser mínima para não comprometer a ordem espontânea do mercado.

No quarto capítulo, “O liberalismo e os partidos políticos”, aborda-se a relação entre o liberalismo e as forças políticas. Ideologias que buscam restringir a liberdade em nome do “bem comum” são criticadas, e adverte-se contra o crescimento de movimentos socialistas e intervencionistas, fundamentados em equívocos sobre a natureza do ser humano e da economia. A política deve servir à liberdade, e partidos que defendem a intervenção estatal são considerados inimigos do progresso.

Finalmente, o quinto capítulo, “O liberalismo e a paz”, faz uma defesa enfática da paz como uma consequência direta do liberalismo. O livre comércio entre nações cria interdependência econômica, tornando os conflitos armados contraproducentes e desnecessários. A paz global só pode ser alcançada através do liberalismo, já que a liberdade econômica garante tanto a prosperidade quanto a harmonia entre os povos.

Conclusão

Em suma, Liberalismo é um manifesto em favor da liberdade individual e contra a interferência estatal. Mises apresenta uma defesa vigorosa da liberdade econômica como o caminho para o progresso e para a paz. O livro, com sua clareza e profundidade, é uma leitura essencial para todos que desejam compreender as bases do liberalismo clássico e sua relevância contínua no mundo moderno.

Gustavo Neris

Colunista

Associado do Instituto Líderes do Amanhã

Associado do Instituto Líderes do Amanhã