Polícia

Máfia internacional: material cirúrgico dos EUA era reutilizado no Espírito Santo

Houve registros de materiais que foram reprocessados mais de 2.500 vezes

Materiais reutilizados também teriam sido encontrados no Hospital Metropolitano.

As investigações do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc), da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), apontaram que materiais cirúrgicos que vinham sendo usados em cirurgias no Estado, já tinham sido utilizados em outros procedimentos, feitos em cidades dos Estados Unidos. Depois de usados, os equipamentos foram importados para o Brasil a preços abaixo do mercado para serem vendidos como novos.

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As investigações também apontaram que o Hospital Metropolitano, na Serra, teria utilizado materiais que foram reprocessados mais de 2.500 vezes, inclusive agulhas. O hospital abriu processo administrativo para apurar eventual responsabilidade de profissionais citados nas investigações.

A instituição afirma que também foi vítima da ação de criminosos. Disse que apoia o trabalho da polícia e está colaborando com as investigações. Se for comprovada a participação de funcionários ou colaboradores, eles serão punidos e podem até ser excluídos do quadro do hospital.

Operação

A operação lama cirúrgica teve início no dia 16 de janeiro, com a prisão de dois empresários e um enfermeiro, responsáveis por uma distribuidora de material cirúrgico, em laranjeiras, na serra. No local, os investigadores apreenderam instrumentos médicos que haviam sido reembalados e já estavam com etiquetas adulteradas.

A empresa já havia sido fechada em outubro do ano passado pela vigilância sanitária do município. Na época, o órgão emitiu notificação, chegou a apreender materiais, mas o local foi reaberto. Dois dias depois, outra empresa em vitória, no bairro de Lourdes, foi alvo de mandado de busca e apreensão. Documentos, computadores e materiais cirúrgicos foram apreendidos na sede da empresa e também em um sítio de um dos sócios da distribuidora na região serrana.

O dono da distribuidora não foi detido, porque resolveu colaborar com as investigações. Agora a Polícia Federal vai investigar a participação da máfia estrangeira no reprocessamento e comercialização do material cirúrgico.

O corregedor do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo lamentou a notícia e disse que o órgão acompanha o desdobramento das investigações. “Sempre que ocorre algumas suspeitas de delitos e o Conselho Regional de Medicina faz uma apuração muito parecida com o inquérito policial”, explicou o corregedor do CRM, Thales Gouveia.

Ele considera o fato grave, mas afirma que não há motivo para pânico por parte de quem passou por cirurgia no hospital que vem sendo alvo de investigação. “Se a pessoa tiver alguma dúvida, convém procurar o seu médico, conversar, explicar sobre o que foi realizado”, disse o corregedor.

Confira a reportagem na íntegra:


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