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Polícia afirma não ter dúvidas de que PM matou namorada após depoimento contraditório

De acordo com a polícia, durante o depoimento prestado, o soldado não confessou o crime. O corpo de Ana Clara foi encontrado na Rodovia do Contorno

Delegado afirma que soldado foi autor do crime Foto: Marcelo Rosa/TV Vitória

Traído pelas contradições durante o depoimento, o policial militar Itamar Rocha Lourenço, de 24 anos, é o principal suspeito de assassinar a namorada Ana Clara Cabral, de 19 anos. De acordo com o delegado José Lopes, a polícia não tem dúvidas de que ele é o autor do crime.

"Ele alegou que teria parado na BR-101, em Nova Rosa da Penha, para urinar, ela ficou dentro com a arma de fogo. Depois, para a corregedoria, ele falou que a arma estava na cintura. Aí já começa a contradição. Quando foi perguntado sobre o motivo de não ter parado em um posto 24 horas, que era mais próximo de onde ele alega ter andado, ele disse que não viu o posto de gasolina. Ele também disse que teria ido a um motel, e foi provado que ele não foi", informou o delegado. 

Segundo a polícia, o policial deu várias versões sobre o caso. Isso foi o que fez com que os investigadores desconfiassem dele. O motivo ainda é desconhecido. O inquérito segue para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher.

"Nós não temos nenhuma dúvida de que foi ele o autor do crime. Depois do exame, que possivelmente daria positivo, ele acabou falando onde estava o corpo da menina", afirmou Lopes.

De acordo com a polícia, durante o depoimento prestado na noite da última quinta-feira (05), o soldado não confessou o crime. Itamar saiu da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pelos fundos, em um carro da corregedoria da Polícia Militar, abaixado no banco traseiro. Ele foi preso em flagrante e ficará detido no Presídio Militar, no Quartel de Maruípe, em Vitória.

O crime

O corpo da jovem Ana Clara Cabral, de 19 anos, foi encontrado na noite da última quinta-feira (05), às margens da Rodovia do Contorno, em Cariacica. Ela estava desaparecida desde a madrugada de quinta-feira (05), após ter saído com o soldado da Polícia Militar, Itamar Rocha Lourenço Junior.

Segundo informações confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), o policial teria indicado a localização do corpo da jovem. O militar foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento sobre o crime.

A perícia da Polícia Civil providenciou a remoção do corpo, que foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde será feito exame de DNA. No corpo da jovem, há marcas de pelo menos cinco tiros, sendo dois na cabeça.

Inicialmente, Itamar Junior havia dito que foi abordado por dois homens armados ao sair do motel. Segundo o policial, os supostos bandidos o renderam e roubaram o carro, levando a namorada, a arma e os pertences do policial. 

O carro do PM foi encontrado na manhã desta quinta-feira, no bairro Nova Rosa da Penha, em Cariacica, com marcas de tiros. De acordo com policiais, as marcas indicam que os disparos foram feitos de dentro para fora do veículo. No interior do carro também foram encontradas marcas de sangue. 

Corpo da jovem foi encontrado às margens da Rodovia do Contorno Foto: TV Vitória/ Alexandre Kapiche

PM tinha passagem pela justiça

O soldado já teve passagem pela polícia. Ele foi investigado por uso de carro clonado e receptação. O policial militar foi flagrado em março de 2011 dirigindo um carro com placas de Niterói, estado do Rio de Janeiro, que tinha restrição de roubo. 

O veículo foi localizado com Itamar Junior, em Jardim Camburi, em Vitória, depois de uma investigação da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. Na época, o PM alegou que tinha comprado o carro de um conhecido da família sem saber que era roubado. A versão não convenceu o delegado Antônio Coutinho, já que Itamar era lotado no Batalhão de Trânsito e tinha meios de conferir se o veículo tinha restrição. O soldado chegou a ser autuado por receptação e encaminhado para o Quartel de Maruípe. Mas, ao que tudo indica, continuava trabalhando normalmente nos quadros da PM.

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