Polícia

"Tiveram tudo para entrarem na vida errada, mas não entraram", diz amiga de irmãos mortos em Vitória

O caso aconteceu próximo a casa dos irmãos. Um deles foi retirado de dentro da residência pelos suspeitos

Os corpos dos irmãos assassinados com mais de 20 tiros cada um foram velados na manhã desta segunda-feira (26) no Cemitério de Maruípe, em Vitória. O clima foi de muita tristeza e de revolta entre familiares e amigos. Os dois foram mortos no Morro da Piedade, também na Capital.

"É muita dor, é muito aperto, dá nó na garganta. A gente tem tanta lembrança boa, tanta coisa boa do Damião, do Ruan, para acontecer assim. Eles eram pretos, favelados, tiveram tudo para entrarem na vida errada, mas não entraram", afirmou a amiga das vítimas, Kassia Silva.

Damião Marcos Reis, de 22 anos, e Ruan Reis, de 19 anos, foram mortos na madrugada do último domingo (25). O caso aconteceu próximo a casa dos irmãos. Ruan foi tirado de dentro do quintal da residência pelos suspeitos. Damião tentou defender o irmão e foi baleado. Em seguida, os criminosos atiraram contra o irmão mais novo. O motivo ainda é um mistério. Segundo a polícia, os rapazes não tinham nenhuma passagem.

Os irmãos eram muito queridos. Os parentes estão muito abalados e ainda sem acreditar no que aconteceu. Cada grupo de amigos que chegava no velório fazia uma homenagem para os rapazes. Uma delas foi realizada pelos alunos de Damião. Ele dava aula de capoeira em um projeto social. Os adolescentes levaram as cordas e as boas lembranças de alguém que era mais que um professor.

"A gente podia chamar ele quase que de pai. O que a gente estivesse precisando ele ia lá, chamava a gente para conversar e animava a gente. Não vamos parar com esse trabalho que ele desenvolveu com a capoeira", disse Ruan Moura, estudante e integrante do Grupo Besouro de Capoeira.

O projeto social idealizado por Damião funciona na escola onde Cirlane Mara Natal é diretora. O colégio está de luto. "Hoje a nossa escola, além da tristeza, está com muita indignação. O Damião sempre foi uma pessoa referência para os nossos estudantes. Além da capoeira, ele representava quase um pai para essas crianças. Ele dava muito amor, muito carinho e falava da própria experiência no morro".

A Polícia Civil informou que as investigações estão sob sigilo e são de responsabilidade da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória. Disse ainda que, no momento oportuno, o delegado responsável irá se manifestar. Até agora, nenhum suspeito foi detido.

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