Polícia

Pai de jovem morta por namorado faz desabafo após Justiça manter acusado na PM

Justiça suspendeu o procedimento administrativo contra o policial Itamar Rocha Lourenço Júnior, principal suspeito de matar a tiros Ana Clara Cabral, em fevereiro

Segundo Elson, Itamar parecia ser uma pessoa normal e teria capacidade para responder a processo administrativo Foto: TV Vitória

"Se ele teve sanidade mental para entrar em nosso lar e manter as atividades dele como policial, por que agora ele não tem capacidade para responder a um processo administrativo, de expulsão da polícia"? Esse foi o questionamento de Elson Cabral Filho, pai da jovem Ana Clara Cabral, de 19 anos, assassinada em fevereiro, sobre a decisão da Justiça em suspender o procedimento administrativo contra o soldado da Polícia Militar, Itamar Rocha Lourenço Júnior, principal suspeito de cometer o crime.

Itamar corria o risco de sofrer um processo administrativo demissionário na PM. No entanto, a juíza Sayonara Couto Bittencourt, da 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde, aceitou a alegação da defesa, de que o policial não poderia ser interrogado, como foi no processo administrativo, porque estaria apresentando sinais de depressão grave desde outubro de 2013. A decisão foi deferida no dia 18 de março.

A defesa disse ainda que Itamar faz uso de medicamentos controlados, com atendimento junto ao Departamento de Perícias Médicas da Polícia Militar e com prescrição médica para afastamento da atividade laboral. De acordo com os autos, a defesa do soldado alega que o processo administrativo, pedido pela Corregedoria da Polícia Militar, não está respeitando o Regulamento Disciplinar dos Militares Estaduais.

"É uma coisa totalmente inadmissível! Esse indivíduo é uma pessoa nociva para a sociedade. Até onde nós conhecíamos o Itamar, ele era uma pessoa totalmente normal. Por que ele não poderia responder a esse processo, devido a um ato tão hediondo que cometeu? Nós não conseguimos entender isso", indignou-se o pai de Ana Clara.

Ana Clara foi morta a tiros no início de fevereiro e o principal suspeito do crime é Itamar Júnior Foto: Divulgação

Elson recebeu a reportagem da TV Vitória/Record, na manhã desta quinta-feira (02), para repercutir sobre essa decisão. Durante o tempo em que a equipe de reportagem esteve na casa do pai de Ana Clara, o celular dele não parava de tocar. 

"Quem liga para mim não são só familiares. São amigos, colegas de trabalho e até gente que eu não conheço. A sociedade, graças a Deus, está vendo que isso [o assassinato de Ana Clara] foi um crime hediondo, uma coisa bárbara e que precisa ser dada uma resposta. A única coisa que eu espero é que seja feita justiça", desabafou. 

Inquérito

O inquérito da Polícia Civil sobre o assassinato de Ana Clara foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. Itamar foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. O soldado continua preso no Quartel da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória. 

O corpo de Ana Clara foi encontrado na noite do dia 5 de fevereiro, às margens da Rodovia do Contorno, após Itamar indicar o local onde ele foi deixado. No corpo da jovem, havia marcas de cinco tiros. Ela estava desaparecida desde a madrugada daquele dia, após ter saído com o namorado. 

Inicialmente, Itamar Junior havia dito que foi abordado por dois homens armados ao sair de um motel em Cariacica. Segundo o policial, os supostos bandidos o renderam e roubaram o carro, levando a namorada, a arma e os pertences do policial. 

No entanto, o carro do PM foi encontrado, no bairro Nova Rosa da Penha, em Cariacica, com marcas de tiros. De acordo com policiais, as marcas indicam que os disparos foram feitos de dentro para fora do veículo. No interior do carro também foram encontradas marcas de sangue. 

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