Polícia

Julgamento de acusados de mandar matar juiz Alexandre Martins é adiado para agosto

De acordo com a decisão do juiz Marcelo Soares Cunha, o adiamento ocorreu por conta de algumas mídias apresentadas pela defesa. Julgamento ocorreria nesta segunda

Julgamento do assassinato de Alexandre Martins foi adiado Foto: TV Vitória

O julgamento de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, ocorrido em 2003, foi adiado, no final da tarde desta sexta-feira (22), pelo juiz Marcelo Soares Cunha, designado para presidir os trabalhos. O tribunal do júri, que estava marcado para começar nesta segunda-feira (25), agora deverá ocorrer no dia 24 de agosto. O local será o mesmo: o salão do júri do Fórum da Prainha, em Vila Velha.

De acordo com a decisão do juiz, o adiamento ocorreu por conta de algumas mídias apresentadas pela defesa. Tratam-se de dois CDs com áudios e que haviam sido impugnados pelo Ministério Público Estadual.

Diante desse fato, o juiz entendeu ser prudente solicitar uma perícia nessas mídias. Portanto, não haveria tempo hábil dessa perícia ser concluída antes de segunda-feira, data em que estava marcado o início do júri popular do coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, o coronel Ferreira, e o ex-policial civil e empresário do ramo de mármore e granito, Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú. 

Alexandre Martins de Castro, pai do juiz assassinado, diz que está indignado com o que ele classificou de uma "nova manobra" para adiar mais uma vez o julgamento dos acusados.

"Eu já esperava que a defesa faria essa manobra, porque eles estão fugindo do julgamento há 12 anos. Mas isso não impede que eu fique indignado, pois 12 anos é uma espera muito acentuada. Já está na hora de a Justiça determinar que não há mais como esse julgamento ser protelado. Os acusados estão fazendo a sociedade de boba e mostram que o crime está compensando, porque não pagam pelo que fazem", desabafou.

Alexandre de Castro, que também é juiz, alega que a apresentação dessas mídias não poderia ser feita às vésperas do julgamento. "A defesa vai tentar adiar esse julgamento para o resto da vida. Eles sabem que essas mídias não poderiam ser apresentadas faltando poucos dias para o julgamento, mas o fizeram mesmo assim e conseguiram adiar. O judiciário não pode se deixar envolver por essas manobras. Há momento para tudo", lamentou.

O crime

Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo.

Os executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

O outro apontado pelo Ministério Público como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Pontos moeda