Polícia

'Foi um erro', afirma secretário de Direitos Humanos em depoimento sobre paralisação da PM

Para esta terça-feira (15) serão 11 testemunhas de defesa das 14 mulheres denunciadas pelo MPES por incitar e organizar o movimento foram ouvidas

O secretário de Direitos Humanos do Espírito Santo e ex-secretário de Justiça, Júlio Pompeu, foi uma das testemunhas a prestar depoimento neste segundo dia de audiência de instrução sobre a paralisação da Polícia Militar no Estado, ocorrido em fevereiro de 2017. Para esta terça-feira (15) serão 11 testemunhas de defesa das 14 mulheres denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MPES) por incitar e organizar o movimento foram ouvidas. 

Júlio Pompeu foi ouvido por, aproximadamente, uma hora. Após o depoimento, ele repetiu aos jornalistas o que afirmou em juízo. Para ele, os policiais militares erraram durante o movimento. "Eu acredito que toda categoria de trabalhador tem direito de reivindicar melhores salários e melhor condição de vida, mas não tem direito de reivindicar às custas da vida dos outros. Isso foi um erro. Há 'N' formas de mostrar insatisfação. O que causa morte e prejuízo é uma via errada", disse.

O secretário também comentou a reação das mulheres dos PM's às consequências da paralisação, durante o movimento. "Eu ouvi frases, mais de uma vez que 'é bom para que a sociedade aprenda a valorizar os seus heróis'. A morte de gente inocente não leva ninguém a valorizar herói nenhum. Leva as pessoas a lembrarem da importância da segurança", afirmou.

Dom Luiz foi o primeiro a ser ouvido

Antes do secretário, quem prestou depoimento foi o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilella. Ele foi o primeiro a depor no Salão do Tribunal do Júri. O arcebispo foi questionado, principalmente, sobre a postura da igreja durante a paralisação dos policiais militares no Espírito Santo. "Durante o movimento, a igreja colaborou pela paz. Não estamos de um lado ou de outro. Queremos a verdade", disse.

A terceira testemunha a depor foi o ex-procurador Geral do Estado, Rodrigo Rabelo Vieira. Ele diz só ter tomado conhecimento das lideranças do movimento, por meio de relatório das investigações, que lhe foi encaminhado à frente do cargo.

Os processos criminais relativos à chamada Operação Protocolo Fantasma apuram o suposto envolvimento de 24 pessoas, dez delas são policiais, na paralisação da PM capixaba. Quatorze mulheres de militares são rés no processo. A maioria, segundo a Justiça, responde por atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública, incitação ao crime e organização criminosa.

Duas das rés desistiram de cinco testemunhas convocadas para depor, na manhã desta terça-feira. A audiência foi suspensa e deve ser retomada na parte da tarde. A expectativa é de que o primeiro depoimento seja do ex-PM, Jucélio Nascimento Porto.

Na sequência, estão previstos os depoimentos dos deputados estaduais Josias da Vitória e Marcelo Santos. Depois, haverá o interrogatório das 14 rés. As audiências começaram nesta segunda-feira (14) e vão prosseguir na quinta (17) e sexta-feira (18). Durante a paralisação da PM, mais de 200 pessoas foram mortas e mais de 300 lojas saqueadas, no Estado. A população ficou refém do medo. 

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