Polícia

Acusado de matar empresária com vergalhão está assustado e tem pesadelos

Felipe Rodrigues Gonçalves, de 32 anos, é acusado de ter arremessado uma barra de ferro que atingiu e matou a empresária Simone Venturini Tonani

André Vinicius Carneiro

Redação Folha Vitória
Foto: TV Vitória
Felipe permanece preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana.

Um ano após a morte da empresária Simone Venturini Tonani, de 42 anos, o morador de rua, Felipe Rodrigues Gonçalves, de 32 anos, principal acusado do crime, sentará no banco dos réus. O júri popular dele está marcado para a próxima quarta-feira (15), às 09 horas, no Fórum de Vila Velha, no bairro Boa Vista. Felipe permanece preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana.

O crime aconteceu no dia 5 de maio do ano passado. Felipe Rodrigues é acusado de atirar um vergalhão contra o carro da empresária. A barra de ferro atingiu a cabeça dela, que chegou a ser socorrida, mas teve morte cerebral. O filho dela, com oito anos na época do fato, também estava no veículo na hora do ataque e viu toda a ação, mas não ficou ferido.

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pediu a condenação do acusado por homicídio doloso qualificado, por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima. Caso seja condenado, a pena poderá ser aumentada de 1/3 (um terço) pela tentativa de homicídio contra o filho da empresária, menor de 14 anos, que estava no interior do veículo.

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A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público e acatada pela 4ª Vara Criminal de Vila Velha, no mesmo mês do crime. Já em novembro do ano passado, o juiz Eneas José Ferreira Miranda decidiu pela pronuncia de Felipe, ou seja, levar o réu a júri popular, pois segundo o magistrado, há fartas provas de "materialidade do fato” e da “existência de indícios suficientes de autoria”.

Defesa

A defesa do réu pede a desclassificação do crime doloso, com a alegação de que o acusado não agiu com intenção de acertar a empresária. Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, a advogada de defesa, Mariana Amaral Lima, disse que Felipe não se sente saudável mentalmente.

Folha Vitória: Qual a versão de Felipe Rodrigues Gonçalves sobre o crime?

Defesa: Felipe está completamente apavorado com o resultado do ocorrido, tendo recorrentes pesadelos. Ele afirma que não lançou o vergalhão querendo acertar alguém, ao contrário, ele agiu com culpa inconsciente, não prevendo o resultado, devido o uso contínuo de drogas ilícitas e álcool.

FV: Ele confessa que atirou o vergalhão que matou a empresária?

Defesa: Ele confessa que lançou o vergalhão, porém não com intenção de acertar a empresária.

FV: Qual o motivo citado pelo réu para ter cometido tal ação?

Defesa: Felipe, há algum tempo, estava em situação de decadência mental, emocional e física, pois desde que perdeu a mãe, passou a morar nas ruas e fazer uso contínuo de drogas ilícitas e bebidas alcoólicas, fato este demonstrado na filmagem no dia da apreensão dele.

FV: Felipe sofre de algum tipo de transtorno mental?

Defesa: O Réu não se sente saudável mentalmente, mas não foi possível passar por um exame clínico para diagnóstico.

FV: Qual a visão da defesa sobre o crime? 

Defesa: O Réu não cometeu homicídio doloso, que ocorre quando há desejo de matar. O Réu deve ser punido, mas conforme nossa lei, a qual define que para tais casos, há uma pena mais branda da que o Ministério Público requer.

FV: O júri popular de Felipe será realizado na próxima quarta-feira (15). A defesa arrolou alguma testemunha para o júri? 

Defesa: Não temos testemunhas.

Júri Popular

O júri popular do acusado do crime será realizado na próxima quarta-feira (15), às 09 horas, no Fórum de Vila Velha, no bairro Boa Vista. Em novembro do ano passado, o juiz Eneas José Ferreira Mirada, da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, decidiu pela pronuncia do morador de rua Felipe Rodrigues Gonçalves.

Na decisão que decidiu pelo júri popular, o magistrado cita a “existência de indícios suficientes de autoria” por parte de Felipe. De acordo com o juiz, ao atirar a barra de ferro contra o carro da empresária, o morador de rua teria a intenção de acertar o filho de Simone. 

"A meu sentir, há nos autos suspeita da presença da qualificadora do motivo fútil, diante da presença de indícios de que o Réu [Felipe] pensou ter escutado a criança [nome do filho de Simone] ter lhe dirigido vilipêndio que teria movido o mesmo (Denunciado) ao arremesso da barra de ferro que vitimou fatalmente a vítima virtual Simoni Venturini Tonani, embora a suposta intenção possuísse como alvo a vítima real [nome do filho da empresária]", descreve o magistrado.

Denúncia

No dia 30 de maio do ano passado, a Justiça do Espírito Santo recebeu a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo contra Felipe Rodrigues, que passou a respondeu criminalmente pela morte da empresária.

Segundo a denúncia do MPES, a intenção inicial do morador de rua era atingir o filho de Simone. “(...) O motivo do crime foi o simples fato de que o denunciado pensou ter escutado uma criança dirigindo-lhe impropérios, o que fez com que se apoderasse da barra de ferro e arremessasse, visando matar [nome do filho de Simone].A defesa da vítima foi dificultada, pois esta se encontrava no interior de um veículo e não tinha motivo para esperar que pudesse ser atacada, tendo sido surpreendida pela ação do denunciado”, diz a denúncia do MPES.

O crime

Foto: Reprodução/Facebook
Simone foi atingida na cabeça por uma barra de ferro, foi socorrida, mas não resistiu e morreu.

Felipe Rodrigues Gonçalves, de 31 anos, vulgo “Alemão”, foi preso minutos após o crime, ocorrido na avenida Champagnat. Alemão teria retirado o vergalhão de uma obra localizada na avenida e atirado contra o carro da empresária. O objeto ficou preso à cabeça de Simone, que perdeu o controle do carro e colidiu.

Após atingir a mulher com a barra de ferro, Felipe fugiu do local. Na tentativa de despistar a polícia, ele trocou a calça que vestia por uma bermuda. No entanto, o suspeito foi detido na avenida Hugo Musso.

Segundo a polícia, Felipe possui diversas outras passagens pela Justiça, por crimes como furto, arrombamento, danos ao patrimônio, lesão corporal, entre outros.

Morte

Simone foi atingida na cabeça pelo vergalhão arremessado pelo morador de rua e morreu após dar entrada no Hospital São Lucas, em Vitória. Ela chegou a ser socorrida por uma equipe do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu.

A empresária havia acabado de buscar filho de apenas 8 anos na escola. Eles seguiam para casa, na Praia da Costa, pela Avenida Champagnat, quando Simone foi atingida. O objeto ficou preso à cabeça da vítima, que perdeu o controle do carro e colidiu em outro veículo. A criança estava no banco de trás e não se feriu.

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