'Por que colocaram ele sem vida dentro da viatura?', questiona prima de jovem morto pela PM
Segundo a Polícia Civil, havia pólvora nas mãos de Cheslley Trabach. Família nega que ele estava com arma ou em moto furtada
O autônomo Cheslley de Oliveira Trabach, de 20 anos, que morreu após um suposto confronto com a Polícia Militar, no bairro Vila Independência, em Cariacica, na última terça-feira (7), foi velado na manhã desta quarta-feira (8). Familiares continuam contestando a versão da polícia, que afirma que Cheslley estava cometendo assaltos e atirou contra os policiais.
Em entrevista à equipe de reportagem da TV Vitória, a prima do jovem, Suelen Trabach, questionou a ação dos policiais militares, que colocaram Cheslley em uma viatura, após o confronto. "Meu primo vendia película, banhava cordão. Ele era a alegria da gente. Vocês sabem o que é isso? Uma alegria? Meu primo já estava morto (quando foi colocado na viatura). Por que foram socorrer meu primo morto? Por que não deixaram ele no local do crime?", disse.
A jovem continuou fazendo questionamento sobre as acusações da PM sobre a vítima estar portando uma arma. "Que arma é essa que meu primo tinha? Meu primo nunca teve arma. O menino sempre foi puro, brincalhão. A comunidade conhece. Se meu primo fosse um traficante, vagabundo, acha que faríamos isso? Jamais!", completou.
Quanto a remoção do rapaz, a Polícia Militar disse que o procedimento foi realizado naquele momento por se tratar de um caso de emergência. "Os policiais poderiam responder por omissão de socorro, caso não prestassem auxílio ao baleado gravemente, que poderia ter sobrevivido por conta da atitude dos militares, visto que foi rapidamente encaminhado ao Pronto-Atendimento de Alto Lage".
A morte de Cheslley está sendo investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.
DML encontra pólvora nas mãos de Cheslley
De acordo com a Polícia Civil, Cheslley tem passagem pelo crime de receptação. Após o confronto armado, a Polícia Militar informou que Cheslley, baleado, foi socorrido para o Pronto Atendimento de Alto Lage, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ainda segundo a nota, "um revólver, calibre 38, que estava com o suspeito foi apreendido".
No Departamento Médico Legal (DML), a perícia no corpo de Cheslley apontou presença de pólvora nas mãos. Os policiais militares foram encaminhados à DHPP, onde prestaram depoimento e foram liberados. As armas dos policiais foram recolhidas para análise.
A família do rapaz nega que ele estivesse armado no momento em que foi morto. Eles ainda contestam a informação de que a moto era furtada. "Tanto é que os vídeos que os moradores fizeram mostram que eles estava com uma moto de cor prata e eles falaram que ele estava com uma moto de restrição de furto na cor preta", diz o tio do rapaz.
Dois dias de manifestação
A morte de Cheslley motivou manifestações na Rodovia do Contorno, na última terça-feira (7) e nesta quarta-feira (8). Familiares e conhecidos do jovem contestaram a versão da polícia e afirmaram que ele trabalhava como autônomo e não tinha envolvimento do crime.
