Polícia

Maioria dos assassinatos de mulheres são cometidos com arma de fogo, aponta estudo

Levantamento do Instituto Sou da Paz aponta que a flexibilização da posse de arma colaborou para que mais mulheres fossem mortas a tiros no país

Foto: Reprodução TV Vitória

Não é de hoje que a violência contra as mulheres preocupa os órgãos de segurança pública e a sociedade de maneira geral. A angústia é justificada pelos crimes graves que são constantemente registrados. 

Um estudo do Instituto Sou da Paz aponta que a flexibilização da posse de arma de fogo colaborou para que mais mulheres fossem assassinadas a tiros. Cerca de 51% das mulheres vítimas dessa violência, foram mortas com arma de fogo.

Vivian Lima de Almeida é uma das vítimas. Ela foi encontrada morta, em agosto de 2020, na casa onde havia acabado de se mudar com o filho. O corpo estava debaixo do tapete com sinais de agressão.

O suspeito do crime, o ex-companheiro da vítima, Thiago Cruz, esteve presente na perícia da polícia e, após o crime, esteve com os familiares sem levantar suspeitas, exceto da mãe da vítima, que dizia pressentir que o ex-genro poderia ser o assassino. Thiago teve a prisão temporária decretada e foi preso no dia 03 de agosto de 2020. 

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Ela não foi a única vítima da violência. Ariane de Andrade Viana foi atingida por 14 tiros e, por sorte, não perdeu a vida. Ela precisou passar por algumas cirurgias. Os médicos abriram o corpo da jovem para procurar cada bala. A mulher ainda se recupera. 

Segundo a polícia, a namorada do principal suspeito, que estava presente na hora do crime, já foi presa. Karina Barbosa está no Centro Prisional Feminino de Cariacica. Os esforços, agora, são para capturar o homem que atirou contra a jovem. 

A coordenadora do instituto, Cristina Neme, destaca que os dados do estudo acendem um alerta para a flexibilização no acesso às armas de fogo. 

"Este estudo procura chamar atenção para o impacto da violência armada segundo o recorte gênero contra as mulheres. A gente tem o fenômeno da violência contra a mulher e a arma aumenta o risco de agravar esse tipo de conflito. O estudo procurar retratar o perfil e o tamanho dessa violência", disse. 

De acordo com a pesquisa do instituto, 70,5% das vítimas eram negras ou pardas e apenas 27,5% eram mulheres brancas. A maioria das mulheres vítimas, 51,8%, tinham até 29 anos. 

Foto: Folha Vitória

A adolescente Raissa Souza da Silva, de 15 anos, faz parte dessas estatísticas. A jovem foi morta no dia 24 de abril na casa de um tio da jovem, no bairro Vila Prudêncio, em Cariacica. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O principal suspeito do crime é o ex-namorado da jovem, que ainda não foi localizado.

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Um dia antes do crime, o suspeito Guilherme Mamedes Santos chegou a gravar um vídeo fazendo ameaças à Raissa por não aceitar o fim do namoro.

O rapaz já tem duas passagens pelo sistema prisional por furto e homicídio qualificado. A avó da menina contou que, mesmo passados quatro meses, a família ainda está em choque.

Para quem estuda e acompanha o avanço do violência doméstica no Brasil, somente políticas públicas efetivas podem ajudar a melhorar esse cenário. 

"Esse é um problema cujo enfrentamento exige políticas públicas que sejam feitas de forma integrada e articulada com diversas redes, não apenas com o sistema de Justiça fazendo a repressão, mas também o da saúde e assistência social cuidando dessa vítima", destacou Cristina Neme. 

*Com informações do repórter Douglas Camargo, da TV Vitória/Record TV. 

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