Polícia não acredita em versão de presos e entende que treinador foi morto por engano em Cariacica
Segundo a Polícia Civil os detidos confessaram o crime e disseram que o cometeram porque Igor estaria vendendo drogas
Cleilton Santos Guimarães, de 19 anos, e Leandro Godio, de 21, foram presos, na noite desta sexta-feira (28), suspeitos de assassinar o treinador de escolinha de futebol Igor Brun, também de 21 anos. Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil do Estado (PCES) na manhã deste sábado (29), eles confessaram o crime e disseram que o cometeram porque Igor estaria vendendo drogas. Entretanto, a PCES trabalha com a versão de que a vítima foi confundida.
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Cariacica, Marcelo Cavalcanti, depoimentos de testemunhas reforçam a linha de investigação da Polícia Civil. "A polícia não acredita na versão dos suspeitos, pois ouvimos várias testemunhas que ressaltam que Igor era um cidadão de bem e não tinha envolvimento com o tráfico", diz.
Os suspeitos foram presos no bairro Bel Porto, em Cariacica. A PCES informou que ambos foram autuados em flagrante delito pelo crime de homicídio consumado triplamente qualificado. "Foi um trabalho árduo, que durou quatro dias. Ouvimos testemunhas, checamos denúncias. Desde que o crime ocorreu, a polícia fez diversas diligências e passou a perseguir os autores", afirma o delegado.
Com os detidos, a polícia apreendeu uma arma de fogo calibre 380, drogas e munições, além de uma motocicleta, que segundo o delegado, foi fundamental para chegar até os indivíduos. "Essa foi a moto usada no crime. Ela estava em frente a uma residência no bairro. Localizamos ela e conseguimos encontrar os suspeitos. As imagens também foram fundamentais para a investigação, pois trouxeram clareza e revelaram a dinâmica do crime", fala Marcelo.
Igor foi morto com pelo menos 11 tiros na última terça-feira (25), no bairro Itacibá, em Cariacica. Marcelo Cavalcanti afirma que os criminosos agiram com crueldade. "É importante destacar que a investigação mostra a crueldade com que os indivíduos tiveram contra a vítima. O executor efetuou os disparos, recarregou a arma e voltou a atirar mais vezes contra Igor", revela.
Brun era conhecido nos bairros Itacibá, Oriente e Mata da Praia, onde morava com a mãe. Amigos contaram que desde muito novo, o rapaz era apaixonado por futebol e jogou nas categorias de base do Rio Branco. Além de treinar a equipe mirim do time, Igor também tinha uma escolinha de futebol, e era jogador de um time de Cariacica, onde jogava aos domingos. A população lamentou a morte do rapaz.
Com informações da repórter da TV Vitória, Francine Leite.
O crime
Testemunhas contaram que Igor passava pela rua São Jorge de bicicleta com um amigo, e em seguida, viram o jovem fugindo, mas não há informações sobre o que aconteceu. Igor foi executado com pelo menos 11 tiros. Ainda de acordo com testemunhas, os criminosos não levaram os pertences de Igor. Na carteira, havia uma grande quantia em dinheiro, que era o pagamento das mensalidades da escolinha de futebol, mas nada foi levado.
Populares disseram que Igor tem muitos parentes no bairro, e contaram que, por volta de 17 horas, o jovem disse que iria ao bairro Itacibá assistir a uma batalha de rap com dois amigos. Testemunhas disseram que Igor parou em uma padaria para tomar café, conversou com um primo, e postou em uma rede social que iria à batalha musical. Quando o evento acabou, ele chamou os amigos para tomar sorvete e disse que iria embora.
Ao lado dos amigos, ele seguia para casa, quando os dois homens, que estavam em uma moto e sem capacete, chegaram e Igor percebeu que havia alguma coisa de errado. Pensando que era um assalto, o jovem se desesperou e tentou entrar em uma casa. Igor chegou a jogar a carteira e o celular, mas os criminosos não pegaram nada, sacaram a arma e efetuaram os disparos.
Segundo moradores, Igor era bondoso, e por muitas vezes não cobrava a mensalidade da escolinha de futebol das crianças. Amigos contaram que apesar de ser apaixonado pelo esporte, Igor nunca discutia sobre futebol, e que era muito querido e tranquilo. A autoria e a motivação do crime ainda são desconhecidas. O local onde o assassinato aconteceu ficou movimentado e quem estava lá, contou que foi um momento de desespero: