Polícia

"Temos uma criminalidade juvenil utilizada pelo grande traficante que não fica presa", diz Ramalho

Secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, criticou o fato de menores de idade serem liberados mesmo quando são apreendidos pela polícia

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução SESP

Num dia marcado por tiroteios, detonação de granada caseira e confrontos entre traficantes nos bairros Andorinhas, Morro do Quadro e Nova Palestina, em Vitória, o secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, afirmou que as forças policiais continuam trabalhando e criticou a legislação criminal. 

Em sua análise, as leis penais em vigor não permitem que menores de idade, apreendidos em operações policiais, fiquem apreendidos. Segundo Ramalho, eles acabam sendo soltos e voltam a cometer os mesmos delitos porque sabem que não poderão ser responsabilizados. 

"Temos uma legislação no Brasil que não alcança os interesses das comunidades. Uma criminalidade juvenil, de 12 a 19 anos, uma mão de obra barata que é utilizada amplamente pelo grande traficante e que não fica presa", reclamou.

O secretário relembrou que em uma operação feita no bairro Andorinhas na última segunda-feira (13), o contexto visto ali era de adolescentes e jovens a serviço do tráfico de drogas. 

"Em Andorinhas abordamos mais de 10 menores, todos circulando no bairro, visivelmente ligados ao tráfico de entorpecentes. Quando vamos puxar a ficha está lá 'vulgo fulano', mas não fica preso", observou.

O secretário acredita que a implementação de programas constantes pelo Estado, com projetos de capacitação profissional para o primeiro emprego e ações culturais, seria uma maneira de combater esse "recrutamento" feito pelo tráfico. 

"Precisamos de outras ações nessas comunidades, ações que estão sendo desenvolvidas em outros locais, para mostrar para esses jovens que existem outros caminhos muito além do tráfico de entorpecentes", sugeriu. 

Traficante de Andorinhas comandava a região mesmo preso, afirma Ramalho

O secretário diz que a Polícia Civil e a Polícia Militar têm trabalhado muito. Sobre o bairro Andorinhas, onde uma granada caseira foi detonada na tarde desta quarta-feira (15), um dia depois da janela de uma escola municipal ser atingida por tiros, Ramalho disse que as operações prenderam um dos traficantes líderes da região. No entanto, ele continuou a influenciar o cotidiano do bairro dando ordens mesmo preso.

"Em relação a Andorinhas, num passado próximo, já prendemos o maior traficante que havia em Andorinhas. Ele, mesmo preso, colocou pessoas nos bairros para guarnecer os seus pontos de entorpecentes e está levando uma carga muito grande de organização criminosa. Estamos atuando, apreendendo drogas e armas, fazendo operações pontuais. Mas, lamentavelmente, esses jovens retornam aos mesmos locais", observou.

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