Polícia

Moradores falam sobre o medo de boatos em aplicativos e investigações de sequestros no ES

Os supostos casos de tentativa de sequestro estão sendo investigados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA)

Gustavo Fernando

Redação Folha Vitória
Ainda de acordo com a polícia, grande parte dos relatos são cópias de boatos que já haviam circulado em aplicativos de mensagens e nas redes sociais em outros estados

Nas últimas semanas, diversas mensagens em aplicativos e nas redes sociais têm alertado a população sobre tentativas de sequestro de crianças na Grande Vitória, principalmente na região da Grande São Pedro, em Vitória. Nas informações, crimes relacionados a magia negra e a atuação de um carro preto. Mas até onde as informações relatadas são verdadeiras ou falsas ?

Na manhã desta quarta-feira (3), durante uma coletiva, a Polícia explicou o andamento das investigações. Segundo a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), cinco casos relacionados ao assunto estão sendo investigados

Ainda de acordo com a polícia, grande parte dos relatos são cópias de boatos que já haviam circulado em aplicativos de mensagens e nas redes sociais em outros estados.

Medo

Segundo a moradora do bairro Resistência, Michelle Ribeiro, de 28 anos, o medo impera na região desde os primeiros relatos de tentativa de sequestro. Ela é mãe de dois filhas, uma menina de 8 anos e outra de seis meses, e diz que tem redobrado a atenção com as crianças. 

Michele ainda ressalta que a população está revoltada e que não consegue perceber um aumento da presença policial no bairro nos últimos dias, apesar dos boletins de ocorrência e do protesto que realizaram no último dia 28 de setembro. 

"Fizemos um grupo em um aplicativo com mais de 200 participantes. Dessa forma, estamos nos comunicando sempre para evitar qualquer crime nesse sentido. Se observamos alguém diferente no bairro já colocamos no grupo e ficamos de olho. O que aconteceu aqui em Resistência não foi boato, todos que estavam na rua viram o homem correr após tentar roubar o bebê de uma vizinha", afirma.

O fato que ela conta aconteceu com a Heloísa, de 23 anos, um dos casos investigados pela Polícia Civil.  Moradora de resistência, Heloísa relata que estava arrumando a casa quanto teve um pressentimento. Ao procurar o filho, um bebê de oito meses, mas que já engatinha,  se deparou com um homem tentando abrir o portão da casa pera pegar a criança. 

"Nesse momento peguei o meu filho e comecei a gritar. Todo mundo da rua correu para ver. O homem saiu correndo e entrou em um carro que o estava esperando na esquina".

Heloísa afirma que todos na região da Grande São Pedro estão com muito medo. Com isso, as crianças já não brincam mais nas ruas e vão sempre acompanhadas dos pais para a escola. 

Segurança na Internet

Rogério Pinheiro é especialista em internet e crimes virtuais | Foto: Reprodução Facebook

Segundo Eduardo Pinheiro, especialista em internet e crimes virtuais, esse tipo de mensagem, quando falsa, pode até levar a outros crimes ainda mais graves. Isto é, um boato na internet pode terminar em um crime contra um inocente. 

"Ao receber esse tipo de mensagem, antes de compartilhar com alguém, ou algum grupo, busque confirmar a informação nos meios de comunicação idôneos e de credibilidade", afirma.

O especialista relata que as pessoas se enganam ao espalhar boatos e cometer crimes virtuais acreditando no anonimato na internet. 

"Em razão de um sentimento egoísta, e pensando em uma mensagem se tornar viral, as pessoas acabam cometendo crimes. Mas praticamente tudo é rastreável. Nos últimos meses, o Whatsapp mudou o algoritmo, deixando mais fácil identificar a origem da mensagem", afirma. 

Segundo o delegado Érico Mangaravite, tentativas de sequestro não são crimes frequentes, mas acontecem periodicamente

Casos investigados

Em casos concretos, as crianças e pelo menos um dos responsáveis foram ouvidos na delegacia e, com isso, encaminhadas para a elaboração de retrato falado dos suspeitos.

O primeiro caso apurado aconteceu no dia 18 de setembro no bairro Santo André, em Vitória. Segundo a polícia, um homem, em um carro de cor escura, teria chamado um menino de onze anos, dizendo que queria dar alguma coisa a ele. Após ser abordado, o menino saiu correndo do local até encontrar ajuda de desconhecidos.

O segundo aconteceu dois dias depois, no dia 20 de setembro, em São Pedro. De acordo com o relato, um homem, em um carro de cor preta, teria seguido um menino de 10 anos. O homem teria aberto a porta do carro e chamado o menino para entrar. Ele conseguiu correr e encontrou ajuda.

No dia 25 de setembro, no mesmo bairro, um homem em um veículo azul escuro teria seguido duas meninas de 7 e 12 anos. Elas entraram em casa e, minutos depois, ele teria ido a pé até o portão da residência e pedido para entrar, dizendo que ia "instalar um aparelho". Elas não abriram o portão e o homem foi embora.

No bairro Resistência, no dia 27 de setembro, um homem a pé teria tentado abrir o portão de uma casa para levar um menino de oito meses de idade à força. Ao ser visto pela mãe da criança, o homem teria corrido até entrar em um carro não identificado.

Delegado

Segundo o delegado Érico Mangaravite, tentativas de sequestro não são crimes frequentes, mas acontecem periodicamente. Ele destaca que a melhor forma de prevenção é a educação que os pais oferecem aos filhos.

Qualquer informação deve ser passada para a Polícia Civil através da internet, pelo telefone ou diretamente na DPCA 

"Há cinco casos em que podem ter ocorrido alguma coisa, mas isso não é novidade e, nesse tipo de caso, felizmente, a maior ferramenta que se tem para evitar um mal maior é a educação. Quando a criança sabe que não pode atender a um convite de estranhos, esse crime é evitado e essa situação não tem um desdobramento", esclarece.

Recomendações da Polícia 

1. A orientação mais importante é a seguinte: os pais, mães e demais responsáveis pelas crianças devem sempre orientá-las a não aceitar, em hipótese nenhuma, convites ou propostas de pessoas desconhecidas. Ocorrendo qualquer situação suspeita, as crianças devem estar orientadas a procurar ajuda. Imediatamente, os adultos devem entrar em contato com a polícia pelo telefone 190 e, assim que possível, procurarem uma delegacia de polícia para registrar a ocorrência.

2. Os boatos atrapalham o trabalho da polícia, que perde tempo ao investigar situações que não ocorreram, e geram um sentimento de pânico. Informações confiáveis são aquelas divulgadas nos sites oficiais das polícias e dos veículos tradicionais de imprensa, conhecidos pelo grande público.

3. Qualquer informação deve ser passada para a Polícia Civil, pelos seguintes meios:

• Pela INTERNET: https://disquedenuncia181.es.gov.br/ - permite inclusive o envio de vídeos e imagens.

• Pelo TELEFONE, de forma anônima: 181

Procurando diretamente a DPCA – Avenida Nossa Senhora da Penha, 2270, Santa Luiza, Vitória/ES – próximo ao DML – Telefone: 3132-1916 e 3132-1917.