Polícia

'Essa combinação é fatal', diz delegado sobre droga inédita no ES; três jovens foram internados após consumo em festa rave

Darcy Arruda afirmou que as investigações estão sendo conduzidas pelo Denarc, que tenta identificar os responsáveis por entrar com essa droga no estado

Foto: Divulgação
Mescalina é um alucinógeno natural extraído do cacto peiote, de origem mexicana

Três pessoas foram hospitalizadas após fazer uso de uma droga até então desconhecida no Espírito Santo. A substância teria sido consumida durante uma festa rave, ocorrida no último sábado (12), na região de Praia Doce, em Guarapari.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, a PCES inicialmente foi informada de que algumas pessoas teriam morrido após fazer uso dessa droga. No entanto, segundo ele, a informação oficial é de que as vítimas continuam internadas, sendo uma em estado gravíssimo.

"Ontem à noite eu recebi um comunicado que havia pessoas internadas em estado grave, por terem consumido uma droga que poderia causar a morte. Imediatamente eu acionei o Denarc (Departamento Especializado de Narcóticos), para que investigasse, porque havia chegado ao conhecimento que havia pessoas mortas. Pela manhã ficou constatado que ainda não há mortos, mas há pessoas internadas em UTI's, em estado gravíssimo. Algumas pessoas que consumiram pouca quantidade da droga já tiveram alta, mas outras estão internadas na UTI, com paralisação das funções dos seus pulmões", informou o delegado-geral.

Foto: Divulgação/ Sesa
Um universitário de 24 anos segue internado, em estado grave, no Hospital Antônio Bezerra da Faria

Um dos jovens que seguem hospitalizados é um universitário de 24 anos. Ele está internado no Hospital Antônio Bezerra da Faria, em Vila Velha, em estado gravíssimo. Outra vítima está no hospital Cias e o estado de saúde dela é estável. Um estudante de engenharia, de 24 anos, também foi hospitalizado, mas teve alta e já prestou depoimento à Polícia Civil.

Droga inédita no ES

De acordo com a polícia, o entorpecente é conhecido como "mescalina" e tem origem mexicana. A polícia informou ainda que se trata de uma substância nova no Espírito Santo.

"É uma droga que ainda estamos conhecendo, uma droga que não estava sendo utilizada no estado do Espírito Santo. Ela está sendo estudada em nossos laboratórios, mas a princípio nós sabemos que é uma droga chamada 'mescalina', associada ao ecstasy, ao MDMA. É uma droga altamente alucinógena, extraída de um cacto no México, e está associada também a um estimulante do ecstasy. Então essa combinação é fatal, é uma combinação altamente destrutiva", alertou Arruda.

O delegado-geral explica que a substância age de maneira diferente de outras drogas mais comuns no estado, como o crack, por exemplo. "O crack destrói os neurônios, leva a pessoa a um vício muito violento. Essa outra droga, além de causar uma alucinação muito forte, pode causar também paranoias. Mas ela atua diretamente nas funções dos órgãos vitais como o pulmão".

Investigações

Darcy Arruda afirmou que as investigações estão sendo conduzidas pelo Denarc, que tenta identificar os responsáveis por entrar com essa droga no Espírito Santo. "Nós vamos identificar todas as pessoas que utilizaram [a substância], nós vamos identificar quem introduziu essa droga aqui, quem fez o evento, se o evento estava autorizado ou não. Todas essas circunstâncias serão investigadas agora pelo Denarc. Quem tiver conhecimento e vontade de praticar o crime, responderá. Agora aquele que não tiver, mas assume o risco da produção de um resultado desse, também pode responder", ressaltou.

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Festa rave onde os jovens teriam consumido a droga foi realizada no último sábado, em Guarapari

Ainda segundo o delegado-geral, o evento onde a droga teria sido consumida não tinha autorização da Polícia Civil para ser realizado. "A Polícia Civil não deu o alvará, em razão de um conflito negativo de atribuição. Guarapari não concedeu o alvará e Vitória também não concedeu o alvará. Quando ocorre isso, quem decide esse conflito é o delegado-geral. E não me foi solicitado, então a Polícia Civil não autorizou esse evento", frisou.

Por meio de nota, a Ecologic, responsável pela festa onde as drogas teriam sido consumidas, disse que fez um levantamento com a equipe médica contratada, que constatou que três pessoas passaram mal durante o evento e foram levadas ao hospital. Segundo a nota, o evento é legalizado e segue os protocolos de segurança. A organização disse que não tem conhecimento sobre as pessoas internadas.

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