Polícia

Familiares contestam versão de policial e dizem que rapaz morto em posto de Vila Velha era calmo

Raphael Barcellos Domingues tinha 32 anos e era deficiente auditivo. Corpo dele foi velado na manhã deste sábado

O corpo Raphael Barcellos Domingues, de 32 anos, que morreu após ser baleado por um policial militar durante uma briga em um posto de combustíveis em Aribiri, Vila Velha, foi velado na manhã deste sábado (14) na capela de um cemitério em Ponta da Fruta, no mesmo município. O enterro está marcado para as 14 horas, no mesmo cemitério.

Durante a manhã, parentes e amigos estiveram no local para dar o último adeus ao rapaz, que, segundo eles, era conhecido pelo temperamento calmo. "Ele nunca deu motivo para fazer esse tipo de coisa. Era extremamente caseiro, ia de casa para o trabalho, para a casa da namorada, e estava sempre presente em família, festas, tudo. Ele era um rapaz extremamente caseiro", disse uma parente de Raphael, que não quis ser identificada.

"Raphael era um cara bem tranquilo, caseiro. É até uma surpresa para a gente essa situação toda, o jeito como aconteceu. A gente não imaginava ele num lugar como aquele, naquela hora", afirmou um outro familiar, que também preferiu não se identificar. 

A briga que resultou na morte de Raphael teve início por volta das 5h30 de sexta-feira, quando o rapaz teria discutido com uma mulher que também estava no posto de combustíveis. O policial interveio na discussão, o que teria irritado Raphael, que passou a agredir o PM com um taco de beisebol.

Os familiares do rapaz, no entanto, negam que ele tenha agredido fisicamente a mulher e dizem que ele sequer a conhecia. "Ele foi a uma festa, acompanhado da namorada. Ao voltar, ele a convidou para ir ao posto, só que ela não quis ir porque tinham alguns homens e ele foi com um amigo. Chegando lá, esse amigo tentou se aproximar de uma menina, tentou beijá-la à força, mas a menina não aceitou essa aproximação e até machucou o rosto dele. Nisso o Raphael foi tirar satisfação com a mulher e aí começa a história toda", contou a parente do rapaz.

A familiar conta ainda que Raphael era deficiente auditivo e que ele teria apenas tentado se defender. "E se ele não conseguiu ouvir que o cara era policial ou vigia, alguma coisa assim? Ele vê uma pessoa armada, qual seria a reação? Tentar se defender", afirmou. 

Raphael era solteiro e trabalhava em uma fábrica de chocolates. No começo do ano, ele deu inicio à faculdade de libras e fazia parte de um grupo para troca de experiências nessa área. De acordo com familiares o sonho de Raphael era montar o próprio negócio.

Depoimento

Na próxima segunda-feira (16), uma testemunha, que estava com Raphael quando tudo aconteceu, deverá prestar depoimento à Polícia Civil. 

Já o policial envolvido na ocorrência foi ouvido, na sexta-feira, na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e depois liberado. Segundo a PC, o militar agiu em legítima defesa.

A Polícia Militar informou que todas as circunstâncias da ocorrência estão sendo apuradas e que a corregedoria da PM vai apurar a conduta do militar.

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