Polícia

Imagens de videomonitoramento mostram assassinato de adolescente em terminal na Serra

O suspeito de atirar contra as duas vítimas, Lucas Phelipe Calixto Carvalho, de 20 anos, foi preso na manhã desta quinta feira e confessou o crime

Câmeras de videomonitoramento do terminal de Laranjeiras, na Serra, registraram o assassinato do adolescente Gabriel Vieira da Silva, de 16 anos, ocorrido na noite da última segunda-feira (06). Ele e um amigo foram baleados, após uma discussão, por Lucas Phelipe Calixto Carvalho, de 20 anos, preso na manhã desta quinta feira (09).

As imagens das câmeras mostram que a ação ocorreu por volta das 20h50, horário em que o terminal estava cheio, e assustou quem estava no local. Lucas disse que seguia para casa, depois de comemorar o próprio aniversário com a mãe, quando teve início a discussão com Gabriel e o amigo do adolescente.

O suspeito confessou ter atirado nos dois jovens, mas garantiu que, a todo momento, tentou evitar atirar neles. Em depoimento, Lucas alegou que o crime foi resultado de uma discussão fútil, iniciada pelas vítimas.

"Na hora que eles vieram para cima de mim, um olhou para o outro, falou um negócio lá e veio para cima de mim. Eles me xingaram e falaram: 'mora do ladinho de casa, eu te conheço'. E foi o que aconteceu. Eu ainda arranquei o revólver para eles e falei para eles saírem fora, para eles abrirem a mente, mas não atenderam meu pedido e vieram para cima de mim. Foi na hora que eu dei um disparo na perna dele, para ele sair fora, mas ele continuou vindo para cima de mim e foi o que aconteceu", contou Lucas.

O titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra, Rodrigo Sandi Mori, afirmou que as imagens de videomonitoramento confirmam a versão do suspeito, de que ele tentou evitar atirar contra as vítimas.

"A todo momento, pela análise das imagens, é nítido que o suspeito tenta evitar o homicídio. Ele retorna pelo local onde ele chegou e as duas vítimas vão atrás dele. Eles iniciam uma discussão lado a lado, andam cerca de 20 metros, o suspeito para em um local, eles continuam discutindo, ele se afasta, tenta evitar e, mesmo assim, os dois vão para cima dele. Ele saca uma arma de fogo, pede para os dois se afastarem e eles continuam indo em direção a ele. Foi no momento em que ele efetuou três disparos de arma de fogo no Gabriel, que foi a óbito no local, e dois disparos na outra vítima, que sofreu dois disparos no pé", disse o delegado.

Depois de efetuar os disparos, Lucas saiu correndo e tentou embarcar em um ônibus, mas o motorista fechou as portas. O suspeito então decidiu sair do terminal a pé. 

Prisão

As investigações a respeito do assassinato começaram no dia seguinte. Lucas foi detido na casa dele, no bairro Maringá, na Serra.

"Um dia após o crime, nós oficiamos a Ceturb, analisamos as câmeras do terminal de Laranjeiras e localizamos testemunhas e a vítima sobrevivente. Recebemos denúncias, conseguimos qualificar e localizar a residência do suspeito, representamos pela prisão temporária dele e, na data de hoje, foi dado cumprimento. Nós montamos uma operação no bairro Maringá, na Serra, nos dirigimos ao local e foi efetuado um cerco na residência do suspeito. Ele tentou se evadir pelos fundos, mas foi capturado com êxito", contou Sandi Mori. 

A arma usada no crime também foi encontrada pelos policiais. O revólver estava enterrado em um matagal, nos fundos da casa de Lucas. "No mato, nos fundos da residência dele, foi encontrada a arma de fogo utilizada no crime e, dentro da residência, foram encontrados duas toucas ninjas, uma capa de colete, uma porção de maconha, uma munição de calibre 38, bem como a roupa utilizada por ele no dia do crime", completou o delegado.

De acordo com a polícia, o revólver foi adquirido no mercado clandestino, pelo valor de R$ 3,2 mil. A polícia também descobriu que o rapaz já fez curso de tiro, mas não tem autorização para portar armas. 

O suspeito alega que quis aprender a atirar por um motivo nobre. "Eu planejava entrar na Guarda. Antigamente, quando eu estava com outra pessoa, ela estava me incentivando a entrar na Guarda e eu fiz o curso", contou Lucas.

Gabriel não tinha passagens pela policia. Já Lucas tem uma, por desacato à autoridade. Agora ele cumprirá prisão temporária, por homicídio qualificado.

Motivo fútil

Em três dias de investigação, a policia concluiu que, se por um lado as vítimas provocaram a discussão e perseguiram o atirador, por outro ele não soube lidar com as provocações e acabou usando uma arma comprada de forma ilegal, que ele não tinha autorização para usar. O resultado foi um assassinato por um motivo banal, que, segundo a polícia, poderia ser evitado.

"Houve mesmo um motivo banal, um motivo que poderia ser evitado, um homicídio que, a todo custo, o suspeito tentou evitar. A discussão aconteceu por eles se encararem, um olhou para o outro, ficou querendo um ser mais valente que o outro, até o momento que culminou nos disparos e no óbito da vítima", ressaltou Sandi Mori.



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