ICMS, corredor Centro-Leste e futuro político no cardápio de Pacheco

Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vem ao Estado nesta sexta-feira (15) para participar do 5º Encontro Folha Business como um dos palestrantes. Fala para uma plateia de empresários e executivos, na parte da manhã, e almoça com o governador Renato Casagrande, em seguida. No cardápio, além da moqueca capixaba, devem constar pautas importantes para o governo do Estado e que estão no colo do presidente do Congresso.

Uma delas é o projeto que altera o cálculo do ICMS nos combustíveis, que foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado. O projeto visa reduzir o preço final dos combustíveis para o consumidor, mas também faz com que estados e municípios percam arrecadação.

Numa coletiva de imprensa ontem (14) em Brasília, Pacheco disse que não seria possível antever a decisão do Senado, mas disse ser “importante” ouvir, antes, os governadores. Ele terá de preparar os ouvidos.

Ainda ontem o governador Renato Casagrande (PSB) disse, num evento no Palácio Anchieta, que o Estado deve perder R$ 430 milhões se a nova regra passar a valer e que a culpa da alta dos preços nos combustíveis não é do ICMS, mas da “paridade com os preços internacionais”. A pressão em cima de Pacheco para barrar o projeto no Senado deve aumentar, ainda mais porque alguns governadores já se articulam para entrar com uma ação no STF.

Outro assunto que deve fazer parte do almoço é o Corredor Centro-Leste – um projeto de investimentos no corredor que liga Goiás, Minas Gerais e o Estado por meio das malhas ferroviária e portuária. Investimentos na Serra do Tigre, por exemplo, melhorariam e aumentariam o transporte e o volume de cargas do Centro-Oeste rumo aos portos do Estado, trazendo lucro e investimentos não somente para os capixabas mas para os mineiros também – daí o empenho em tratar com Pacheco. “Minas é um parceiro importante”, disse Casagrande.

A reforma tributária e a BR do Mar – projeto que institui um programa de estímulo ao transporte por cabotagem – também não devem ficar de fora, nem das indagações dos empresários nem do almoço. Mas a sobremesa deve mirar o futuro político. De Pacheco e de Casagrande.

No início de agosto, Casagrande se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para tratar das eleições de 2022. À época, o deputado federal Neucimar Fraga, presidente do PSD capixaba, participou da reunião e disse que o governador “manifestou o desejo de ter o PSD no projeto de reeleição”.

Kassab é um dos maiores entusiastas da filiação de Pacheco ao PSD e de sua candidatura ao Palácio do Planalto, no ano que vem. Tem vendido o nome do presidente do Senado ao mercado. Pacheco ainda não admite publicamente que será candidato, mas também não descarta. Nos bastidores, ele tem se movimentado e se posicionado, ainda que timidamente, sobre temas delicados, como os desdobramentos da CPI da Covid e a sabatina (ou a falta dela) do indicado de Bolsonaro ao STF, o ex-ministro André Mendonça.

“Vou conversar com ele, saber o que está pensando”, disse Casagrande, sobre os projetos políticos. Questionado sobre o que achava da possibilidade de Pacheco ser um nome da famosa, mas ainda não concretizada, terceira via, o governador, como um bom anfitrião, foi simpático: “Ele é uma boa pessoa, gosto dele”.