Governador diz que sentiu raiva quando a mãe foi alvo de ataques

Crédito: arquivo pessoal

Em tom de desabafo, o governador Renato Casagrande disse neste domingo (02), em entrevista para o especial da TV Vitória, que sentiu raiva quando grupos adversários fizeram ataques à sua mãe, dona Anna Casagrande, 89 anos, na porta da casa dela, durante uma carreata contra medidas restritivas de combate à pandemia de Covid-19 implantadas pelo governo.

Questionado se sentiu medo ou raiva naquele episódio, Casagrande respondeu: “Acho que naquele momento eu senti mais raiva do que medo. Porque quando uma pessoa próxima da gente é atacada injustamente, sua primeira reação é sentir raiva, o ser humano que não sente um pouco de raiva diante de uma injustiça não está falando a verdade. Então senti um pouco de raiva e medo, por sua proteção”, disse Casagrande.

Em março no ano passado, num dos piores momentos da pandemia, quando os óbitos por Covid-19 ultrapassavam a casa dos 70 por dia, grupos contrários às medidas restritivas, liderados por políticos adversários de Casagrande e bolsonaristas, fizeram uma carreata saindo de Vila Velha em direção à Praça do Papa, em Vitória.

De lá, um grupo resolveu ir, com trio elétrico, para a porta da casa do governador e depois para a porta da casa da mãe de Casagrande. No microfone, um dos manifestantes disse que o endereço da mãe do governador teria partido do serviço de inteligência do próprio governo. Na época, o secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, disse que abriria uma investigação para apurar.

Dois dias antes das manifestações, o governador tinha anunciado o novo mapa de risco, que colocava 17 municípios em risco alto e 61 em risco moderado. No risco alto, os eventos, aulas presenciais, cinemas estavam suspensos e outros estabelecimentos e serviços só poderiam atuar com restrições.

A manifestação na porta da casa da mãe do governador, com o emprego de palavras agressivas e hostis, gerou o repúdio da classe política e até de quem não é aliado de Casagrande. O governador chegou a gravar um vídeo indignado com a ação e o Ministério Público do Estado abriu um procedimento investigatório para apurar se houve crime na manifestação.

Na época, a procuradora geral de Justiça, Luciana Andrade, determinou a coleta de imagens no perfil do Instagram do deputado Capitão Assumção, que participou da manifestação, disse que haveria, pelas imagens, indício de injúria qualificada duplamente majorada, tendo como vítima o governador, intimou os donos dos trios elétricos a prestarem depoimento – deixando a cargo do Gaeco tal ação –, pediu informações aos prefeitos de Vitória e Vila Velha sobre a autorização para a carreata e pediu investigação se houve quebra das medidas sanitárias.

O MP-ES foi acionado na manhã desta segunda-feira (03) sobre o andamento da investigação, mas até o fechamento desta edição, não deu retorno sobre as medidas que foram tomadas.

Já o governador disse que tem “aprendido” a ter paciência com os impacientes. “Uma coisa que aprendi muito é ter paciência com os impacientes, tolerância com os intolerantes e saber que a vida segue em frente. Também aprendi que as pessoas vão gritando, gritando e parece que a gritaria é de um percentual grande da população, mas é sempre da minoria. A gente vive meio que numa ditadura dos que gritam mais alto, mas os que gritam de forma desequilibrada, irracional, representam uma minoria do povo capixaba. Eu acompanhei por pesquisas todas as nossas ações com relação à pandemia e sempre tivemos aprovação de 70, 80, 90%. Mas quando você vê a rede social, uma bolha, você acha que o mundo vai acabar. Majoritariamente, a população é equilibrada, sabe que não é fácil governar e que as decisões são difíceis”, afirmou.

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Quebra de hierarquia

Crédito: Reprodução TV Vitória

Num outro ponto da entrevista dada à TV Vitória no último domingo (02), Casagrande também citou a carta dos coronéis da PM que relataram desmotivação e falta de diálogo com o governador. Questionado se o movimento feito pela cúpula da PM fazia referência à greve dos policiais, de fevereiro de 2017, e se trazia preocupação, o governador negou. Disse que agora o ambiente é outro, que houve reajuste salarial escalonado e que não há dificuldade de diálogo.

Mas Casagrande também afirmou que o episódio da carta mostrou uma quebra da hierarquia na PM e citou que a troca de postos a que alguns coronéis que assinaram a carta foram submetidos foi “normal”.

“A PM se organiza pela hierarquia e disciplina. A alteração foi para manter isso”, disse o governador que também afirmou que não há intenção de atender o principal pleito da carta, que é o recebimento de vencimentos acima do teto constitucional. “O teto é o meu salário. Então, ninguém pode receber mais do que eu recebo. Só se mudar a Constituição, mas eu não tenho condição de fazer isso, até porque o Estado sempre zelou pelas suas contas. Então, esse é o debate, não estou tirando a legitimidade deles, mas isso eu não posso fazer”.

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Balanço e projetos para este ano

Num especial da TV Vitória, o governador Renato Casagrande fez um balanço sobre o ano de 2021, falando sobre os momentos mais difíceis da gestão da pandemia, também falou sobre segurança pública, mobilidade, obras e projetos para este ano e também sobre as articulações políticas, estaduais e nacionais, já que em outubro tem eleições gerais.

Entre outras coisas, citou que seu partido, o PSB, está para decidir, nacionalmente, se fecha com o PT, numa federação, e assim apoiaria o ex-presidente Lula para a Presidência da República, ou se fecha com Ciro Gomes (PDT), a quem Casagrande apoiou em 2018.

Confira a entrevista na íntegra aqui:

A Coluna De Olho no Poder e o programa De Olho no Poder com Fabi Tostes na rádio Jovem Pan News Vitória entram de recesso por uma semana. Todas as colunas anteriores, assim como os programas na rádio, estão disponíveis aqui:  https://www.folhavitoria.com.br/politica/colunas/de-olho-no-poder/