Vice-governadora rebate Rigoni, defende o PSB e deputado vai para a tréplica

Um assunto que parecia resolvido e encerrado voltou à tona nesse final de semana e colocou a vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), e o deputado federal Felipe Rigoni (PSL) em lados opostos. Os dois trocaram farpas tendo, no centro da polêmica, a desfiliação de Rigoni do PSB.

Tudo começou na quinta-feira, com a entrevista de Rigoni ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), na última quinta-feira (20). Após falar sobre sua filiação ao União Brasil e sobre sua pré-candidatura ao governo, Rigoni foi questionado, no quadro “TBT político”, sobre o motivo de ter se filiado ao PSB, um partido de centro-esquerda, sendo que sempre se posicionou como liberal e mais à direita.

Rigoni respondeu que o PSB assinou – com o movimento Acredito, do qual ele faz parte – uma “carta de independência”, que, segundo ele, lhe garantiria autonomia nas votações da Câmara Federal. Ele também alegou a proximidade com Casagrande.

“Tínhamos cinco partidos no Brasil que assinaram uma carta de independência com o movimento Acredito, onde me originei na política, dizendo que a gente iria ter independência de atuação e, óbvio, eu tinha uma proximidade com Casagrande e achava que o PSB seria o PSB que Eduardo Campos estava construindo, um PSB muito mais de Centro. Me enganei, sumariamente. Aí quando eu votei pela reforma da Previdência, o PSB me suspendeu. Teve uma perseguição da nacional e eu resolvi sair”, disse.

Questionado se o partido teria sido injusto com ele, Rigoni disse que sim. “Acho que foi injusto dado o fato de que ele tinha assinado uma carta dizendo que eu ia poder fazer isso. E eu defendi a reforma da Previdência desde a campanha, era óbvio que eu ia fazer isso (votar a favor). Que eu ia lutar para que ela fosse cada vez melhor e que fosse aprovada. Foi desmedida a reação”, disse Rigoni na entrevista.

O deputado também elogiou o governador Casagrande, de quem é próximo, e as últimas administrações do Estado, mas disse que esse ciclo está chegando ao fim, conforme a coluna noticiou.

A réplica

Jacqueline ouviu a entrevista e rebateu as falas de Rigoni sobre o PSB. No sábado (22), a vice usou o Twitter e foi para o embate. “O deputado Felipe Rigoni disse que saiu do PSB porque se sentiu injustiçado ao ser repreendido por votar contra a orientação do partido numa pauta importante para o povo, ou seja, ele saiu magoado porque não entendeu que a luta no PSB é pelo povo e em unidade”, escreveu na primeira postagem. Foram três tuítes.

“E como dizer que o PSB não é o PSB de Eduardo Campos? Ora, Eduardo primava por alianças amplas e boa gestão, como Renato Casagrande, pontuando a história da política com inclusão, elegendo a 1ª mulher vice-governadora e a 1ª pessoa com deficiência visual para o Congresso”, escreveu na segunda postagem.

E concluiu dizendo, com outras palavras, que o deputado é ingrato. “A questão em voga é onde mora a gratidão (a palavra foi escrita em caixa alta). Hoje temos a continuação de um governo interrompido em 2014. Um governo que fortalece a economia sem deixar de cuidar das pessoas”.

Jacqueline é uma liderança no PSB e, embora tenha usado seu perfil pessoal e em nenhum momento tenha citado que falava em nome do partido, a sinalização é de que ela foi a voz engasgada de muita gente. A desfiliação do 2º deputado mais votado da bancada federal ainda não desceu na garganta de muitos caciques socialistas e “ingratidão” é o termo mais usado nas rodas de conversas do ninho.

A tréplica

Os embates, porém, não pararam por aí. Na noite de ontem (23), o deputado Felipe Rigoni enviou nota à coluna rebatendo as publicações feitas em rede social pela vice-governadora, Jacqueline Moraes, principalmente à alfinetada de que ele seria ingrato.

“Em momento algum faltou gratidão. Sou extremamente grato ao PSB por ter me acolhido. Foi minha casa durante três anos. Faltou apenas o partido cumprir com a carta de independência, que foi assinada em 2018”, diz trecho da nota.

Rigoni disse ainda que segue por outro caminho e que a nova sigla (União Brasil) o permitirá votar com independência. “Seguirei um outro caminho, mas o respeito continua. Tenho grandes amigos na sigla. Acredito em uma política de diálogo, que se vota pauta por pauta, não importa se é da direita, esquerda, ou centro. Vou para um partido que me permite votar dessa maneira e ser independente para lutar pelo que acredito.”

A troca de farpa entre os dois mostrou que ainda não foi pacificada a desfiliação do deputado do ninho e que, com a eleição batendo à porta, a questão pode voltar à tona e com tom mais acalorado.