Reino dividido?

Coletiva de imprensa

No evento que filiou o ex-deputado Carlos Manato ao PL, há um mês, a ideia de se construir um “pluripartidarismo conservador”, que seria a união de vários partidos com bandeiras no conservadorismo, foi apresentada e defendida durante todo o evento. O ex-senador Magno Malta, presidente do PL-ES, falou sobre a possível aliança, em prol de um projeto comum, ao ser questionado sobre o motivo da deputada federal Soraya Manato não ir para o mesmo partido do marido.

Soraya acertou, na última sexta-feira (18), os últimos detalhes para a sua filiação ao PTB – que deve ocorrer em Brasília nos próximos dias. O partido já se comprometeu a caminhar com Manato e se fez presente, no ato de filiação do ex-deputado, assim como o presidente estadual do Patriota, Rafael Favatto, e representantes de movimentos desse espectro político.

PL, PTB e Patriota, além do Republicanos e do PSC, são a base do grupo de partidos conservadores no Estado. Embora haja expressões do conservadorismo em diversas legendas, são nessas cinco que os políticos com esse perfil ideológico mais se concentram – lembrando que o termo “conservador” aqui se refere à pauta de costumes e não à econômica.

Embora nacionalmente o grupo esteja na base aliada do governo Bolsonaro, no Estado o cenário está embolado e as forças políticas divididas. No último sábado, o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), que foi um dos primeiros a anunciar a pré-candidatura ao governo – em dezembro do ano passado – anunciou que o PSC irá apoiá-lo.

O PSC sempre esteve na base aliada do governador Renato Casagrande, mas era cobiçado por Manato, que chegou a dizer que negociava levar o partido a reboque, como contrapartida em sua entrada no PL para somar tempo de TV e recursos financeiros. O PSC também já tinha cogitado a entrada de Soraya na sigla.

Porém, a dificuldade de formar chapas, principalmente na disputa federal, se impôs e a “ajuda” de Erick Musso ao PSC para resolver esse problema, com a indicação de três nomes para se filiar ao partido e disputar a Câmara Federal, contou e determinou o rumo que o PSC seguiria.

Embora com trajetórias e perfis distintos, Manato e Musso disputam um mesmo eleitorado: o de religiosos conservadores. E esse cenário se desenha principalmente por conta de seus partidos e dos partidos que os apoiam – ligados a igrejas evangélicas. Até o momento, nenhum dos dois dá sinal de que irá recuar ou abrir mão em prol do projeto do outro, ou seja, se forem até as urnas, Musso e Manato devem dividir o voto desse segmento que, no Espírito Santo, representa uma parcela relevante da população.

Já o Patriota é uma incógnita. O deputado Rafael Favatto, que preside o partido no Estado, se declara independente, mas na Assembleia vota a favor da maioria das matérias do Palácio Anchieta e, por vezes, já defendeu o governo em algumas áreas, como na gestão da saúde. O vice-presidente estadual do Patriota, Jarlos Nunes, diz que o partido vai apoiar um nome da direita para o governo, mas o PSB afirma que o Patriota e a maioria de seus membros estão próximos a Casagrande e que devem apoiá-lo à reeleição.

O único empecilho às duas siglas caminharem juntas, segundo o presidente do PSB-ES, Alberto Gavini, era a presença do deputado Capitão Assumção, mas ele deixou o Patriota e se filiou ao PL no mês passado – no mesmo dia da filiação de Manato.

Até as convenções, quando os partidos batem o martelo sobre como e com quem irão caminhar, muita coisa pode acontecer, mas o retrato atual mostra que, se a eleição fosse hoje, os conservadores estariam fragmentados em três ou até mais grupos, o que pode enfraquecer o projeto de uma “união conservadora” para alcançar o comando do Estado. Até porque os conservadores não são os únicos a se colocarem como oposição ao governo Casagrande.

Disputa na direita será acirrada

Quando o senador Fabiano Contarato foi lançado pelo PT para a disputa ao governo do Estado, o mercado político analisou que sua entrada no jogo político “roubaria” parte dos votos em Casagrande – na hipótese de sua candidatura à reeleição – e dividiria o eleitorado de esquerda e centro-esquerda.

No campo da direita, a análise é parecida, porém, o cenário está muito mais concorrido. Isso porque, além do grupo dos conservadores, há os liberais, de centro-direita, que também são cotados para a disputa ao governo, como o prefeito Guerino Zanon, o deputado Felipe Rigoni, o ex-prefeito Audifax Barcelos, o empresário Aridelmo Teixeira, o ex-vice-governador César Colnago e o delegado Eugênio Ricas.

Vai ter espaço pra todo mundo?

Somando, ao todo já são 10 cotados para a disputa pelo Palácio Anchieta. Há quem acredite que haverá um afunilamento e a junção de algumas pré-candidaturas. A conferir.