Política

Bancada capixaba prevê saída de Temer e paralisação das reformas

Maioria dos parlamentares foi categórico: a denúncia é muito grave, deve gerar fortes efeitos colaterais, como um provável impeachment do presidente e novas eleições diretas

Gravações podem ter sido o gatilho para o fim do governo de Michel Temer. (Foto: Divulgação)

A gravação do áudio do presidente Michel Temer (PMDB) ,dando aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), divulgada em delação dos donos do frigorífico JBS na noite da última quarta-feira (17), pegou de surpresa a bancada capixaba em Brasília.

Senadores e deputados capixabas foram procurados para repercutir o tema e a maioria dos parlamentares foi categórica: a denúncia é muito grave, deve gerar fortes efeitos colaterais, como um provável impeachment do presidente e novas eleições diretas. Além disso, eles afirmaram que, por enquanto, não há clima para tocar as reformas – trabalhista e previdenciária – que estão em andamento.

Confira a opinião dos deputados sobre as denúncias que abalaram o governo Michel Temer.

 

Senadores:

Magno Malta

 Magno Malta: "As notícias caíram como uma bomba aqui em Brasília. Comprovada a veracidade, quem comete crime tem que responder pelo crime, seja deputado, seja senador, seja presidente da República".

 

Ricardo Ferraço

 Ricardo Ferraço: "A crise institucional que estamos enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista. Portanto, na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário".

Rose de Freitas

 Rose de Freitas: "Isso gera angustia, dúvida e incerteza. Se essas fitas existem, que elas apareçam. Estamos cheios de perguntas sem respostas. Esse país por tudo que está passando, o país não caminha para lugar nenhum com a crise que está passando"

 

Deputados Federais:

Carlos Manato, deputado federal

 Carlos Manatto: Procurado pela reportagem, o deputado não se manifestou até a publicação da matéria.

 

Evair Vieira, deputado federal

 Evair Vieira: "A chapa Dilma-Temer foi eleita sob a denúncia de ter cometido muitos crimes eleitorais, mas a justiça eleitoral permitiu que eles tomassem posse. A presidenta chegou no cargo, insistiu nos crimes e foi afastada legalmente. O Temer assumiu e manteve parte daquele governo horrível na sua equipe e, infelizmente, continuaram com as mesmas práticas. As denúncias que tivemos, se confirmadas, a justiça tem que agir rápido e afastar rapidamente o presidente do seu cargo, mas o Temer tem que fazer uma reflexão: talvez não tenha mais ambiente na política, para continuar nesse cargo".

Givaldo Vieira, deputado federal

 Givaldo Vieira: "As máscaras caíram. Precisamos de afastamento imediato do presidente. O certo seria a renúncia, mas ele não pretende  fazer isso. Por conta disso, vamos dar seguimento ao processo de pedido de afastamento. O que vemos é um presidente no cargo tratando  de propina para silenciar outro criminoso preso. Essa situação deve ser tratada rapidamente. Não podemos ter votação mais. O congresso deve funcionar apenas para debate, não com votação de projeto”.

Helder Salomão, deputado federal

 Helder Salomão: “A situação é gravíssima. Não há outra coisa a não ser a renúncia. Não tem mais legitimidade, e já não tinha antes. Esse  presidente, que ontem ficou conhecido como quem faz intermediação do recebimento de propina para calar ex-deputado, é o mesmo que está  conduzindo as reformas e tirando direito do povo. Todos os atos dele precisam ser anulados. Estamos pedindo a renúncia, mas também vamos entrar com um pedido de impeachment assinado por vários partidos. Ele deveria se pronunciar oficialmente a respeito dessa situação. Não há condições, clima de continuar as reformas. Já questionamos que ele não era legitimo para propor essas reformas. Vários partidos estão definidos obstrução total até uma decisão sobre o que vai acontecer. Não existe possibilidade de tocar isso”.

Jorge Silva, deputado federal

 Jorge Silva: Procurado pela reportagem, o deputado não se manifestou até a publicação da matéria.

 

Lelo Coimbra, deputado federal

 Lelo Coimbra: “O que veio a público é muito grave e precisa ser confirmado oficialmente e pelas investigações. A manifestação do presidente pede a celeridade na apuração e a publicidade das informações. O que é de extrema importância. O Brasil não pode perder sua oportunidade de responder à crise e não pode perder o foco das reformas, qualquer que seja o cenário que venha adiante. A Justiça deve cumprir o seu papel e oferecer ao Brasil segurança jurídica e institucional para este momento. Reforço o meu apoio às investigações da Lava Jato e ao Supremo para que fortaleça a segurança institucional para o nosso país e nosso povo”, disse Lelo.

Marcus Vicente, deputado federal

 Marcus Vicente: "Devemos manter em mente que a lava jato vem prestando importantes serviços ao nosso país, e que todos os casos devem ser apurados e julgados como determina a nossa legislação, independente do cargo que ocupem os denunciados. Quanto a renunciar, é uma decisão do presidente. Notamos que há um desgaste à governabilidade, isto é incontestável. No entanto, vamos acompanhar o desenrolar dos fatos e, caso comprovado qualquer ilícito, cobrar as respostas.
Na câmara, vou continuar o meu trabalho, com seriedade e comprometimento com as questões nacionais e estaduais, honrando os votos a mim confiados pelo povo capixaba. Todos nós queremos o melhor para o Brasil. Mas, infelizmente, ainda temos que passar por estes períodos turbulentos, para construir um amanhã em que todos teremos um país mais justo e mais igual". 

Norma Ayub, deputada federal

 Norma Ayub: "A notícia pegou o País de surpresa, e como tudo ainda é muito recente é prematuro se manifestar antes de ter uma  informação mais apurada. Independente disso, reforço que sou contra a corrupção e que acredito na justiça". 

Paulo Foletto, deputado federal

 Paulo Foletto: “A gente não fica mais surpreso com muita coisa porque as investigações da Polícia Federal têm mostrado que cada dia mais  gente do alto escalão tem sido pega nesses esquemas de corrupção. Na minha opinião, precisamos fazer uma reforma política consistente e  ultra-rápida, além de convocar novas eleições presidenciais e no Congresso. Apesar de ter sido favorável a Reforma Trabalhista e contrário a Reforma da Previdência, eu acho que a reforma não vão andar enquanto esses escândalos não pararem”. 

Sergio Vidigal, deputado federal

 Sergio Vidigal: "Existe um ambiente real para o impeachment do presidente Temer, quando os áudios e vídeos forem divulgados, será  insustentável a continuidade deste governo. O ideal seria se o presidente tivesse a decência e renunciasse ao cargo.
 Neste momento, se confirmadas as denúncias, é impossível que a Reforma Trabalhista e da Previdência sejam aprovadas. É triste e  vergonhoso que após três anos de Operação Lava Jato, agentes políticos sejam capazes de cometer crimes para parar a operação. É muita certeza da impunidade, parece que eles se recusam a acreditar que vivemos em nosso país um momento único de combate à corrupção com a Lava Jato. Meu voto foi contra a Reforma Trabalhista e seria contrário a Reforma da Previdência, são dois projetos que prejudicam os trabalhadores brasileiros".

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