Política

Governo destinou R$ 1,1 bilhão a anistiados políticos em 2018, apontam dados da Economia e Defesa

As anistias são concedidas a pessoas que alegaram perseguições políticas no período entre 1946 e 1988

Foto: Divulgação

Dados divulgados pelos ministérios da Economia e da Defesa apontam que R$ 1,1 bilhão foram destinados pelo Governo Federal para o pagamento de indenizações e pensões a anistiados políticos em 2018. A maior parte dos benefícios, uma fatia identificada de R$ 593 milhões, foi paga em forma de indenizações para civis. O restante teria sido pago a anistiados das Forças Armadas.

As anistias são concedidas a pessoas que alegaram perseguições políticas no período entre 1946 e 1988. O benefício está previsto em lei federal de 2002, que criou a Comissão de Anistia, órgão responsável por analisar os casos e autorizar ou não os pagamentos.

A concessão de novos benefícios vem caindo ano após ano, e a ordem da gestão Jair Bolsonaro é deixar mais rígido o processo de aprovação. O valor disponibilizado, porém, ainda oscila e cresceu no último ano.

A quantia de cerca de R$ 1,092 bilhão destinada aos pagamentos em 2018 foi 4,8% maior que o consumido em 2017, quando a conta fechou em R$ 1,042 bilhão. Considerando todos os benefícios pagos desde 2002, os anistiados já receberam cerca de R$ 10 bilhões.

Um dos motivos seria a entrada no sistema de novos beneficiados com pensões, que passam a ser pagos de forma vitalícia, enquanto as indenizações são normalmente pagas de uma única vez. As pensões são concedidas para quem consegue provar que perdeu o emprego por perseguição política.

Auge

O auge da aprovação dos benefícios foi durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2010, quando 86% de todos os 39 mil processos já aprovados pela Comissão de Anistia receberam aval.

O número de requerimentos aprovados caiu desde então e, no início deste ano, o caminho ficou mais difícil. A Comissão de Anistia, que analisa os casos, foi retirada do Ministério da Justiça e seguiu para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, a cargo de Damares Alves.

A ministra já indeferiu pelo menos 300 pedidos e avisou que o governo será “rigoroso” na apuração sobre quem tem direito.

Entre as pessoas que mandaram requerimento solicitando o benefício está a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que pede uma pensão mensal de R$ 10,7 mil. Já há um parecer contrário à autorização do benefício.

Componentes

Uma das medidas que provocaram mais polêmica e reações de ativistas e anistiados foi a mudança na composição da Comissão de Anistia, em março. O MPF (Ministério Público Federal) foi à Justiça para tentar anular sete nomeações feitas alegando que os novos membros têm “histórico” incompatíveis com a função do órgão.

Entre os nomes questionados estava o do novo presidente da comissão, João Henrique Nascimento de Freitas, que já atuou como assessor do então deputado estadual no Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro, hoje senador. Freitas chegou a entrar na Justiça contra concessões de anistia. Também foram nomeados militares para a comissão.

O ministério defende as nomeações, e a Justiça indeferiu o pedido do Ministério Público Federal.

Damares também anunciou que seria feita uma auditoria para avaliar os benefícios concedidos nos últimos anos e já afirmou entender que a Comissão de Anistia precisa caminhar para o seu encerramento.

* As informações são do portal R7.

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