Política

Violência na política sofrida por vice-governadora e vereadora do ES vira denúncia na ONU

Casos envolvendo vice Jacqueline Moraes (PSB) e a vereadora Camila Valadão (PSOL) serão apresentados em forma de denúncia em Genebra

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Casos de violência de gênero no campo político sofridos pela vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes (PSB), e pela vereadora de Vitória, Camila Valadão (PSOL), serão denunciados internacionalmente junto à Organização das Nações Unidas (ONU). 

As denúncias serão apresentadas pelo Centro de Apoio aos Direitos Humanos (CADH) na manhã desta segunda (04), às 5h (horário de Brasília), durante  a 50ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, em Genebra, na Suíça. O CADH será o segundo a se pronunciar. 

Em maio deste ano, a vice-governadora foi chamada de "vira-lata" em um artigo de um site de notícias do Sul do Espírito Santo. Na época, em redes sociais, ela classificou o artigo como machista e misógino. 

Já Camila Valadão pontuou momentos em que foi atacada e constantemente interrompida durante suas falas na tribuna da Câmara de Vitória.

O CADH é única entidade capixaba da sociedade civil, em matéria de direitos humanos, a possuir status consultivo na ONU. As sessões em Genebra acontecem em março, junho, julho e setembro. A temática deste mês foi a violência de gênero em espaços de poder. 

"Fomos autorizados a apresentar uma denúncia e falaremos o que temos visto na esfera política no Espírito Santo, dando destaque para os casos dos últimos seis meses, entre eles, envolvendo a vice-governadora e a vereadora de Vitória", explica a advogada Verônica Bezerra, que atua na entidade em programas de enfrentamento à violência e ainda em denúncias de incidência internacional.

A despeito da ampliação da participação feminina na política, a autora da denúncia destaca que mulheres no Brasil estão sendo constantemente atacadas neste espaço. 

"Quando se interrompe a fala de uma mulher ou se tenta silenciá-la ou mesmo intimidá-la e desqualificá-la em seu exercício no cargo seja com palavras, atos e ações, tudo isso é caracterizado como violência política de gênero. A vice-governadora e a vereadora sofreram essa violência, fizeram boletim de ocorrência, solicitaram as autoridades responsáveis para investigação. O significado desta denúncia que faremos nesta segunda-feira é que, para além da apuração do sistema de justiça brasileiro, iremos  potencializar internacionalmente para que haja maior conscientização e casos assim não aconteçam mais", explica Verônica.

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O caso da vereadora Camila Valadão é acompanhado pelo CADH desde dezembro de 2021, juntamente com o Movimento Nacional de Direitos Humanos, com ações estratégicas.  Já o episódio envolvendo a vice-governadora passou a ser acompanhado a partir da solicitação da advogada Erica Neves, que acionou a entidade propondo a internacionalização do, considerando a gravidade do fato.

À reportagem do Folha Vitória, Camila Valadão reitera que, desde o início do mandato, tem sido vítima de violência na Câmara Municipal de Vitória.

"Desde que iniciamos o mandato, a gente vem sendo sistematicamente vítima de violência política de gênero no âmbito da Câmara Municipal de Vitória, acumulando episódios violentos e assustadores diante do que a gente espera para um espaço público de poder, para um parlamento... Tem que ser um espaço da diversidade, da diferença, mas não pode ser o espaço de violência, principalmente contra as mulheres, já que somos minoria", afirmou.

Segundo Valadão, foi a partir do acompanhamento do CADH que surgiu essa denúncia, que será apresentada em um painel na manhã desta segunda-feira (4).

"É um painel importante que vai debater internacionalmente os desafios das mulheres e meninas tanto nos espaços políticos, tanto no que se refere a violência. Lamentavelmente, o Espírito Santo mais uma vez integra essa agenda nacional da ONU na área da violação dos direitos humanos. Esperamos uma atuação mais sistemática no nosso país, de combater a violência política de gênero. Eu, embora seja a vítima dessa violência, entendo que é uma situação que afeta as mulheres do nosso país. Esperamos que a partir disso a gente possa refletir, combater e construir outras formas de participação política das mulheres, que não a violência. Esperamos que nosso caso emblemático sirva de exemplo. Não devemos aceitar e tolerar o que devemos combater", finalizou.

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Vice-governadora do Espírito Santo, Jaqueline Moraes diz que acredita que, aos poucos, a sociedade vai entendendo que as mulheres têm potencial e que podem estar onde quiserem.

"A violência contra as mulheres é um problema de enormes dimensões e que resulta em amplas consequências para a saúde. É um problema que o setor de saúde tem que abordar e que eu pretendo me aprofundar e batalhar muito para que aconteça. Com a chegada desse nosso caso de agressão politica de gênero à ONU, eu espero, que além da saúde, a comunidade internacional reconheça que precisamos impor nossa voz e não sermos mais vítima desse tipo de violência. E que, cada vez mais a comunidade internacional nos ajude, a prevenir e erradicar os casos de violência incentivando a participação política de mais mulheres. Acredito que, aos poucos a sociedade vai entendendo que temos potencial e podemos estar onde quisermos", ressaltou.

O debate pode ser acompanhado neste link.




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