'Todo político pilhado na corrupção diz que é perseguido político', diz jurista
São Paulo - Autor de "O livro negro da corrupção" e crítico dos malfeitos que sangram os cofres públicos, o jurista Modesto Carvalhosa acompanha o cenário político do País desde sempre e avalia: os esquemas investigados pela Operação Lava Jato são diferentes daqueles já descobertos em governos anteriores ao do PT. A Lava Jato desvendou formação de cartel e pagamento de propina a políticos a partir de contratos de empreiteiras com a Petrobras entre 2004 e 2014.
"O que houve foi uma organização da corrupção pelo PT. Enquanto os partidos anteriores, em governos anteriores, não havia nenhum planejamento para aparelhar o Estado para a corrupção", afirma.
Modesto Carvalhosa é professor e doutor em Direito e autor, entre outros livros, de "Considerações sobre a Lei Anticorrupção das Pessoas Jurídicas" e "O Livro Negro da Corrupção". O jurista vê com preocupação a atuação do Poder Legislativo no combate à corrupção.
"Existem no Brasil duas forças que se debatem: a força que combate a corrupção, representada simbolicamente e na realidade pela Operação Lava Jato e pela força-tarefa do Ministério Público ligada à Operação Lava Jato, e do outro lado todas as forças para, no Congresso Nacional, legalizar a corrupção", relatou.
O professor avaliou também a petição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Organização das Nações Unidas (ONU). O petista denunciou o juiz Sérgio Moro e os procuradores da República que atuam na Operação Lava Jato por "falta de imparcialidade" e "abuso de poder."
"Essa reação do Lula não tem nenhuma originalidade, porque instintivamente todo político no mundo quando é pilhado praticando corrupção diz que é perseguido político. Eu acho que a ONU não vai levar em consideração esse tipo de pedido que não tem originalidade nenhuma", afirmou o jurista.