Garotinho ataca adversários e nega estar inelegível
Garotinho também trouxe de volta um antigo jingle de campanha, mais próximo do ritmo gospel do que do samba que marcou a campanha anterior
Com ataques ao prefeito Eduardo Paes e Romário, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi homologado hoje pelo Partido Republicano Progressista (PRP) para concorrer ao governo do Estado, cargo que ocupou de 1999 a 2002. Prometendo ressuscitar programas lançados no passado, como cheque cidadão e vida saudável para idosos, Garotinho também trouxe de volta um antigo jingle de campanha, mais próximo do ritmo gospel do que do samba que marcou a campanha anterior.
A volta foi um tema recorrente na convenção, assim como o ataque aos adversários de campanha. Sobre Romário, candidato do Podemos, disse até gostar como jogador, "mas não se vota no mais famoso, no mais bonito, se vota no mais bem preparado", disparou. Já para o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) o recado foi direto: "Vão botar o Eduardo Paes para soltar o Cabral (Sérgio Cabral, ex-governador do Rio que está preso)", disse, referindo-se ao apoio do MDB a Paes, que era do partido, mas migrou para o DEM para disputar o governo do Estado.
O político prometeu que vai reativar novamente o setor produtivo do Estado, com ênfase nos setores naval, metalúrgico e do turismo, mas que também quer mudar a relação com a Petrobras, sem explicar o que pretende propor. "Vamos trabalhar para reestruturar todo o setor produtivo do Estado, com incentivos fiscais que gerem emprego, como eu fiz (quando era governador) no setor naval e metalúrgico, na CSA. Hoje há uma geração que, se não for qualificada, daqui a pouco vai existir vaga de emprego e não vai existir gente para ocupar", afirmou em seu discurso na convenção.
Ainda no discurso, Garotinho chegou a falar que pode ser assassinado durante a campanha, mas, depois, ao ser perguntado pelos jornalistas, não quis entrar em detalhes. "Tem uma pessoa que está fazendo uma colaboração e disse isso, mas não posso expor porque a pessoa está presa", afirmou a jornalistas enquanto tentava procurar seu advogado no meio das dezenas de pessoas que o cercavam.
Apoiado até o momento por quatro partidos - PRB, PROS, PMB e Patriota, Garotinho disse que vai se manter neutro nas eleições presidenciais. "A minha chapa tem cinco candidatos a presidente diferentes, então o melhor é que eu me mantenha neutro", afirmou. Enquanto o PRP apoia Álvaro Dias, o PRP de Crivella está como candidatos do PSDB, Geraldo Alckmin, e o PROS fechou com o PT pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já com vice-presidente escolhido para a sua chapa, mas sem querer adiantar o nome, Garotinho descartou a possibilidade de qualquer risco de a sua candidatura ser impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Na semana passada, o ex-governador foi condenado à perda dos seus direitos políticos por oito anos pelo Tribunal de Justiça do Rio, sob acusação de improbidade administrativa, mas recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele alega inocência e diz que isso não vai atrapalhar sua candidatura. "Não há nenhum risco, fui condenado, mas a lei é muito clara: só quando há enriquecimento ilícito é ficha suja, na condenação não citou enriquecimento ilícito", avaliou. "Isso está sendo explorado para gerar dúvidas na cabeça das pessoas", defendeu.
Garotinho foi acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) de participar de um esquema criminoso que desviou R$ 234,4 milhões da Secretaria Estadual de Saúde entre 2005 e 2006, quando a governadora era sua esposa, Rosinha Garotinho. Na decisão foi confirmada a dispensa indevida de licitação para contratação da Fundação Pró-Cefet, que se tornou possível depois que Garotinho, então secretário do governo Rosinha, rompeu um contrato em vigor com a Fundação Escola de Serviço Público (Fesp).
Garotinho e Rosinha também estiveram presos de novembro a dezembro do ano passado e foram soltos por habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.