Política

Nunca se falou tanto no 7 de setembro: o que esperar das manifestações?

Discursos antidemocráticos em torno dos protestos ganharam força em meio aos debates sobre o voto impresso e a prisão de Roberto Jefferson

Luana Damasceno de Almeida

Redação Folha Vitória
Foto: Chris Lemos/TV Vitória

Nesta terça-feira (07), feriado da Independência do Brasil, estão previstas manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O que esperar destes protestos que foram tão mencionados nos últimos dias, tanto por quem é a favor, quanto por quem é contra o presidente da República?

A convocação aos atos do 7 de setembro foi associada, por diversas vezes, a discursos antidemocráticos. Eles ganharam força em meio aos debates sobre o voto impresso, que não foi aprovado no Congresso Nacional, e a prisão do ex-deputado federal, Roberto Jefferson, que se tornou um dos mais fervorosos defensores de ideias bolsonaristas. 

Incitadas pelo próprio presidente, as críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se intensificaram, assim como a defesa de ruptura institucional. 

A situação passou a preocupar autoridades. O Congresso Nacional e o STF  pediram reforço na segurança porque temem atos de violência na Esplanada. Governadores também ampliaram o efetivo da segurança pública. 

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O presidente chegou a amenizar o tom golpista, dizendo que não haverá nada de violento no dia 7 de setembro e que ninguém precisa temer. Mas o discurso equilibrado logo deu lugar a verdadeira essência nada moderada do presidente. 

Bolsonaro voltou a fazer ameaças, principalmente direcionadas a ministros do STF com frases: "Se quer paz, se prepara para a guerra" e "7 de setembro será ultimato a ministros do STF". 

MUDANÇAS NA TÔNICA DOS DISCURSOS 

Apesar do estímulo ao enfrentamento por parte do presidente, nos últimos 15 dias as citações sobre o 7 de setembro deram ênfase ao discurso cristão conservador e a defesa dos direitos à liberdade e à livre expressão.  

Uma análise da consultoria Quaest mostra que, na primeira semana de agosto,  o assunto principal no Twitter ainda era a defesa do “voto impresso”, com 42% da amostra. Porém, rejeitada na Câmara dos Deputados, a proposta esfriou e passou a ser ofuscada por uma narrativa de que grupos não deixam Bolsonaro governar, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. 

O discurso pela “liberdade” e “contra o STF” dominou as conversas na terceira semana de agosto. 

Pelo levantamento da consultoria, o tema “liberdade” definitivamente assumiu protagonismo depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, arquivou um pedido de impeachment de Moraes apresentado por Bolsonaro. 

Na medição mais recente, respondia por 66% dos comentários. Já as menções “contra o STF” ficaram em um distante segundo lugar (14%).

Além disso, um dos vídeos mais compartilhados no Facebook sobre as manifestações de 7 de setembro é uma gravação do pastor Silas Malafaia e de outros líderes evangélicos convocando os fiéis para a Avenida Paulista. Os pastores se revezam falando sobre a defesa da liberdade, da democracia e do Brasil. 

"ESTAMOS COM TODO NOSSO EFETIVO MOBILIZADO", DIZ CASAGRANDE

O governador Casagrande (PSB) mostrou tranquilidade com o protesto a favor do presidente Bolsonaro (sem partido), no dia 7 de setembro, e reforçou que todo o efetivo da Polícia Militar do Estado estará mobilizado.

Foto: Hélio Filho/Secom

"Está tudo mobilizado. Vamos ter duas manifestações, o Grito dos Excluídos e manifestação pró-governo. Estamos com todo o efetivo mobilizado. Sempre que tem muitas manifestações, e não é só aqui na Grande Vitória, vai ter no interior também, a gente tem que dar segurança aos manifestantes e a população capixaba", destacou.

Às 8h30 desta terça acontece o tradicional Grito dos Excluídos. Os participantes irão se concentrar na praça Getúlio Vargas, no Centro de Vitória, e caminhar até a Câmara de Vereadores da Capital. À tarde, está prevista a manifestação a favor do governo federal. 

Com informações do Estadão.

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