Política

Nova Câmara deve manter hegemonia de PT e MDB, avaliam líderes e analistas

O perfil da nova Câmara dos Deputados não deverá se alterar significativamente na próxima legislatura. As principais legendas, como PP, PT e MDB, devem manter seus desenhos atuais, com uma média de 45 a 55 eleitos cada uma, de acordo com a avaliação de líderes partidários e consultorias especializadas.

Já o pequeno PSL de Jair Bolsonaro, que elegeu um deputado em 2014 e hoje tem oito nomes em sua bancada, deve crescer exponencialmente. Segundo as perspectivas mais otimistas, o partido que abrigou o capitão reformado pode até triplicar sua presença na Câmara impulsionado pela notoriedade de seu presidenciável e tendo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como campeão de votos da legenda na Casa.

Em contrapartida, alguns nanicos correm o risco de desaparecer na Câmara, como é o caso do PHS, que hoje conta com quatro deputados, dos quais apenas dois deles concorrem à reeleição.

Neste cenário, o próximo presidente eleito, seja quem for, não deve encontrar grandes entraves para governar nos primeiros meses de mandato, avalia Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice.

Um estudo da consultoria aponta que a próxima legislatura será semelhante à atual em relação à composição partidária. "Nosso Congresso tem uma vocação governista, não gosta de ser oposição", diz Noronha. Com essa tradição, a tendência é que o ocupante do Palácio do Planalto tenha maioria no início dos trabalhos em 2019 e que a perpetuidade disso dependa da habilidade política do próximo presidente.

Apesar de manter um quadro com poucas alterações, a nova Câmara vai perder alguns nomes tradicionais, como o decano Miro Teixeira (Rede-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ), ambos concorrendo ao Senado neste ano. "Vou ser substituído por forças jovens. Já cumpri meu papel aqui", afirma Alencar, que acredita que a sua legenda possa aumentar a bancada de seis deputados e chegar a 10 nomes. O deputado estadual pelo Rio de Janeiro Marcelo Freixo deve ser um dos principais puxadores de voto da legenda para a Câmara Federal.

Por outro lado, nomes tradicionais da política nacional devem migrar para a Casa, como é o caso da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A senadora é a principal aposta do partido para a Câmara no Paraná e já recebeu o maior repasse da legenda entre os que concorrem ao mesmo cargo, tendo recebido R$ 1,3 milhão.

Entre os tucanos, Aécio Neves também faz o mesmo caminho do Senado para a Câmara, com forte apoio do PSDB, que já destinou R$ 2 milhões para sua candidatura.

Pautas

Com consenso entre boa parte das bancadas, a reforma tributária deve abrir as discussões do próximo mandato. "É mais necessária e já vem sendo tratada", avalia o atual líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL).

A ascensão do PSL deve reforçar as pautas sobre segurança no plenário, afirma o presidente do partido, Gustavo Bebianno. A chamada Bancada da Bala tem hoje 35 deputados, com total adesão dos deputados do partido.

Outros temas mais polêmicos, mas com forte apoio dos principais partidos, como a venda direta de etanol e desoneração de folha devem voltar com força na 'nova velha' Câmara também, avaliam as lideranças.

Presidência

Com um repeteco do quadro atual, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) não deve ter dificuldades de ser reconduzido à presidência da Casa no próximo mandato, mesmo com uma forte oposição do PT. Maia desistiu de sua candidatura ao Planalto para que o Centrão - DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade - apoiasse Geraldo Alckmin (PSDB), em uma articulação para garantir sua reeleição como presidente da Câmara. Antes, Maia precisa ser eleito para um novo mandato como deputado federal. Ele é candidato pelo Rio de Janeiro.