O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi diagnosticado com câncer de pele. O laudo médico, divulgado nesta quarta-feira (17), aponta que, das oito lesões de pele retiradas em procedimento cirúrgico no domingo (14), duas eram cancerígenas.
Segundo o médico que acompanha o ex-presidente, Claudio Birolini, a lesão apresentada pelo ex-presidente é o carcinoma espinocelular, ou carcinoma de células escamosas. Esse tipo é o segundo mais comum entre tumores de pele, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O que é o carcinoma espinocelular?
Segundo a oncologista clínica Juliana Alvarenga, o carcinoma espinocelular (CEC) ou carcinoma de células escamosas é um tipo de câncer de pele que se origina dos queratinócitos da epiderme.
Está fortemente associado à exposição solar crônica e cumulativa, sendo mais comum em áreas expostas como rosto, couro cabeludo, orelhas e mãos. Possui potencial invasivo maior que o carcinoma basocelular, podendo infiltrar tecidos vizinhos e, em casos avançados ou negligenciados, metastatizar para linfonodos e órgãos à distância.
oncologista clínica Juliana Alvarenga
No caso de Bolsonaro, segundo o laudo médico, o carcinoma foi localizado apenas na camada mais superficial da pele, sem invasão profunda.
Segundo o Inca, histórico familiar, alta exposição solar e ter pele, olhos e cabelos claros são fatores de risco para o desenvolvimento do tumor.
Outros tipos de câncer
Ainda de acordo com Juliana Alvarenga, os principais tipos de câncer são:
- Carcinoma basocelular (CBC): o mais comum, de baixo risco metastático;
- Carcinoma espinocelular (CEC): com maior chance de invasão local e metástase;
- Melanoma: menos frequente, porém altamente agressivo e com grande potencial de disseminação.
Formas de prevenção e tratamento
O carcinoma está diretamente relacionado à exposição solar. Por isso, usar filtro solar, roupas e acessórios com fator de proteção, e evitar se expor nos horários em que a radiação ultravioleta é mais forte é fundamental.
Já o tratamento varia de acordo com o local e o tamanho do tumor. Segundo a oncologista, a cirurgia pela qual o ex-presidente passou é uma das possibilidades.
“A remoção cirúrgica das lesões, quando realizada com margens livres, geralmente é considerada tratamento curativo para o CEC localizado. Isso reduz de forma significativa o risco imediato de progressão. Entretanto, o paciente permanece com risco aumentado para desenvolvimento de novas lesões de pele, devido à exposição solar cumulativa e à predisposição individual”, explicou.
Ela ainda complementa que, mesmo após a retirada, o acompanhamento clínico é fundamental. “Pacientes com histórico de CEC devem ser acompanhados periodicamente por dermatologista ou oncologista, com exame físico regular da pele e linfonodos regionais”, complementa.
De acordo com a especialista, o acompanhamento deve monitorar se há retorno local do tumor, identificar possíveis novas lesões cutâneas malignas ou pré-malignas e orientar sobre fotoproteção rigorosa e medidas preventivas.
De acordo com o laudo médico de Bolsonaro, não há, no momento, necessidade de outros procedimentos. Entretanto, segue sendo necessário o acompanhamento médico.
“Não há (previsão de mais tratamentos), apenas o seguimento e reavaliação clínica. E ele tem outras lesões de pele também. Não dá para tirar todas porque é muita coisa”, afirmou Birolini em coletiva.
Confira o boletim médico na íntegra:
Brasília, 17 de setembro de 2025 – O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro foi admitido no Hospital DF Star na tarde do dia 16 de setembro, devido a quadro de vômitos, tontura, queda da pressão arterial e pré-síncope. Apresentou melhora dos sintomas e da função renal após hidratação e tratamento medicamentoso por via endovenosa. O laudo anátomo patológico das lesões cutâneas operadas no domingo mostrou a presença de carcinoma de células escamosas “in situ”, em duas das oito lesões removidas, com a necessidade de acompanhamento clínico e reavaliação periódica. Recebe alta hospitalar, mantendo o acompanhamento médico.