Saúde

Veja por que o chá emagrecedor 50 foi proibido e quais os riscos para a saúde

Muitos pensam que por se tratar de um "produto natural", pode ser consumido sem problema. Comercialização do produto foi proibida pela Anvisa em 2020

Foto: Reprodução / Pexels
(Foto ilustrativa)

Grande parte das pessoas que buscam emagrecer optam por maneiras rápidas e fáceis, mas na maioria das vezes esse não é o melhor caminho. Na madrugada da última quinta-feira (03), uma enfermeira de 42 anos morreu após ser diagnosticada com uma hepatite fulminante. Ela havia ingerido um composto de ervas para emagrecer. 

O caso aconteceu em São Paulo e  mulher tinha 42 anos. Ela não tinha problemas prévios de saúde e sofreu uma lesão irreversível no fígado. Foi necessário e um transplante de urgência, mas mesmo após receber um novo fígado, o corpo da paciente rejeitou o órgão transplantado e ela faleceu.

O alerta sobre esses produtos tem se intensificado, após a morte da mulher que tomou o "chá emagrecedor". Ele é proibido para comercialização desde 2020. Lojas que vendem produtos com propriedades terapêuticas, não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, atuam em atividade considerada "clandestina". 

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Fitoterápicos podem sim causar efeitos colaterais

A Anvisa esclarece que o "50 Ervas Emagrecedor" não pode ser classificado como alimento ou suplemento alimentar, pois "contém ingredientes que não são autorizados para o uso em alimentos". Então! Porque esses produtos estão proibidos?

Foto: Arquivo Pessoal/Flávia Terossalo

Muitos pensam que por se tratar de um "produto natural", podem consumir sem problema. Mas segundo a endocrinologista Flávia Terossalo, as coisas não são bem assim.

"Fitoterápicos tem seu potencial de causar efeitos colaterais que podem sim levar inclusive a morte" ressaltou a médica.

Segundo a médica, esses produtos podem trazer riscos e lesões para quem ingerir e alguns dele podem ser até tóxicos. 

"Existe risco de lesão do fígado, como: hepatite, insuficiência hepática, com necessidade inclusive de transplante. O uso desses chás, como chá-verde e carqueja, tem potencial de serem tóxicos para o fígado", conto

Flavia ainda ressalta que o  consumo do chá preparado de maneira habitual, com a infusão da erva, desde que enquadrado em uma alimentação equilibrada, não traz maiores problemas.

"O que não pode é a pessoa ingerir grandes quantidades do chá durante o dia. Vejo algumas pessoas que fazem vários litros do chá para beber durante o dia. Esse tipo de comportamento também deve ser evitado", alertou a endocrinologista

Os perigos da automedicação

Mesmo com fitoterápicos, que não são isentos de efeitos colaterais, a auto medicação nunca deve ser feita. Segundo a médica não existe remédio ou chá milagroso para perda de peso.

Obesidade, por exemplo, é uma doença causada pela soma de vários fatores, que devem ser avaliados e tratados em cada paciente individualmente.

"O que temos são medicamentos anti obesidade, indicados pelo especialista, se necessário, conforme o padrão alimentar do paciente, respeitando as contra indicações e sempre associados a mudanças do estilo de vida, como dieta e atividade física.

Chás ditos emagrecedores não tem comprovação científica de eficácia e segurança. Para tratamento da obesidade, o especialista no assunto sempre deve ser consultado.

Mulher morre após rejeição de transplante de fígado

Médica assistente no departamento de gastroenterologia na Divisão de Transplantes de Órgãos do Aparelho Digestivo do HC, Liliana Ducatti acompanhou o caso da enfermeira que morreu após consumir o chá. A profissional fez um alerta no Instagram, conforme apurou o UOL. 

Segundo Liliana, quadros de hepatite fulminante ocorrem em pessoas previamente saudáveis e são "dramáticos". 

"Desenvolve uma falência aguda do fígado que precisa transplantar urgente, porque, se não transplantar, evolui a óbito em questão de 24h, 48h, 72h."

A médica destacou que na maioria das vezes, a causa é medicamentosa e existem vários medicamentos que podem levar ao quadro, como a isotretinoína, do Roacutan. Vale ressaltar que o uso deles é feito com acompanhamento médico para que isso não ocorra.

No caso de Edmara, Liliana revelou que não foi identificado uso de algum desses medicamentos conhecidos. Posteriormente, a família levou à equipe médica um pote de cápsulas de "chá emagrecedor" que a paciente estava usando. "Quando olhamos o rótulo dessa 'medicação' pudemos identificar várias ervas que são conhecidas por serem hepatotóxicas", afirmou. "Dentre elas, a mais comum, o chá verde."

*Com informações do Estadão



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