Saúde

Brasil é vice campeão mundial em cirurgias cesáreas

Segundo especialista, a cirurgia só deve ser realizada em caso de urgência e risco à saúde da mãe e do bebê

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação
No topo da lista dos países que mais realizam cesáreas estão: República Dominicana, com 58,1% dos nascimentos via cesárea; Brasil e Egito, com 55,5%. 

Poucas pessoas se dão conta, mas a realidade é que a cesárea é 10 vezes mais arriscada para mãe e 100 vezes mais para o bebê. Salvar a vida da mulher e do filho, esse é o propósito da cesariana. Porém, tem se tornado cada vez mais requisitada por gestantes e médicos, e, segundo o diretor da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, Zacarias Borges Filho, a explicação está na comodidade em marcar o dia e o horário do nascimento do bebê, além de não sentir dor.

"As pessoas esqueceram do parto normal nos últimos dez anos e agora mais intensamente nos últimos cinco. O panorama tem se mostrado muito ruim e nosso índice de mortalidade materna está começando a aumentar de novo", comentou o diretor da associação.

Foto: ANS

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil é vice campeão mundial em cesárea, perdendo apenas para a República Dominicana. O obstetra do Grupo Meridional, João Gabriel Nicolatti, afirma que na rede privada as cesarianas representam 85% dos partos, número muito superior ao recomendando pela OMS, que é de 15%.

Necessidade da cesárea

Um exemplo de quando a cesariana é necessária é o caso de Adriana Moutinho. Ela engravidou pela primeira vez em 2015, a gravidez foi tranquila até entrar no sétimo mês de gestação quando sua pressão começou a aumentar. Adriana teve pré eclampsia e síndrome de hellp, então os médicos fizeram uma cesárea de emergência porque ela e a bebê corriam risco de vida, mas infelizmente sua filha faleceu 10 dias após o nascimento devido um quadro infeccioso pulmonar.

"Após essa perda eu iniciei a investigação para saber a causa da síndrome de hellp e comecei a me preparar para uma nova gestação, tomei medicamentos para preparar meu corpo e fortalecer meu organismo. Oito meses após dar a luz eu já estava grávida novamente, procurei um obstetra de alto risco que me orientou a tomar injeções diárias de enoxoparina e também estava sendo acompanhada por um hematologista, cardiologista e endocrinologista", contou Adriana.

Foto: TV Vitória
Heitor em seu nascimento prematuro. 

Ao entrar no sétimo mês de gestação, dessa vez, grávida de Heitor Moutinho, Adriana foi há uma consulta de rotina e seu médico pediu alguns exames e neles detectou alteração nas taxas do fígado, ela tinha, novamente, desenvolvido a síndrome de hellp e mais uma vez precisou fazer uma cesárea de emergência. Foi então que nasceu o Heitor, com 1.340 quilos e 39 centímetros. "Hoje, ele está com 1 ano e dez meses, é uma criança sapeca, risonha e saudável, só posso agradecer a Deus e aos médicos que me acompanharam para o sucesso nessa gestação, principalmente ao meu obstetra que me acompanhou, passando os medicamentos necessários e exames na hora certa", lembrou Adriana.

Foto: TV Vitória

Segundo o obstetra João Gabriel, aos poucos parece que a consciência da sociedade está mudando, tanto a das mães, quanto a dos médicos. "Existe um forte trabalho de conscientização sobre parto normal a respeito de como ele deve acontecer, existem até outros nomes como parto humanizado e parto adequado, mas a ideia principal é justamente fortalecer que o parto normal é saudável e indicado", finalizou.

O Jornal da TV Vitória preparou uma série especial com três reportagens sobre partos no Brasil e no Espírito Santo. Abaixo você confere o primeiro episódio da série que fala sobre cesarianas. 




Pontos moeda