Saúde

Entenda o tumor no coração que tirou atleta da seleção de vôlei

Tumor no átrio do coração é chamado de mixoma, é benigno e mais frequente em mulheres de 20 a 50 anos

Foto: Divulgação

Por: Deborah Giannini, do R7

Um tumor no átrio do coração tirou a atleta Bruna Honório de 29 anos de idade, da seleção feminina de vôlei. O cardiologista Diego Gaia, chefe da disciplina de cirurgia cardiovascular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que esse tipo de tumor, chamado de mixoma, é benigno e relativamente raro. É mais frequente em mulheres de 20 e 50 anos.

"O mixoma não é uma doença do idoso, é do adulto jovem. Ele cresce lentamente e demora para dar sintomas. Só vai sentir algo quando está tão grande que dificulta a circulação do sangue", explica.

Segundo ele, o risco de obstrução ocorre com tumores acima de 5 cm. Os sintomas são falta de ar e desmaios. "Como cresce progressivamente, na maioria das vezes, dá tempo de procurar assistência médica e fazer o diagnóstico. Mas muitas pessoas negligenciam os sintomas. Está cansada e acha que é estresse, mas, na verdade, tem uma alteração cardíaca importante".

Gaia ressalta que, muitas vezes, descobre-se acidentalmente o tumor ao fazer uma ressonância magnética da coluna ou tomografia computadoriza do pulmão. 

No caso de atletas, como Bruna, provavelmente o tumor foi detectado durante um exame de check up. O ecocardiograma (ultrassom do coração) é capaz de identificar o problema.

75% dos tumores ocorrem no átrio esquerdo

"O coração é dividido em quarto partes: dois átrios e dois ventrículos. O mais comum é tumor no átrio esquerdo. Cerca de 75% dos tumores acontecem nesse local do coração, que é na câmara onde chega o sangue que foi oxigenado pelo pulmão", afirma.

"Pode acontecer de um pedaço do tumor se soltar no coração e acabar entupindo outra artéria do corpo, por exemplo, do cérebro, causando derrame. Se for para o pulmão, o primeiro sintoma pode ser embolia pulmonar. Então, o primeiro sintoma pode ser catastrófico. Pode matar, por isso que ele precisa ser operado", completa.

O mixoma tem cura, obtida por meio da remoção cirúrgia. Gaia explica que há dois procedimentos: a cirurgia convencional, em que é preciso abrir o esterno (osso do peito), parar o coração e colocar o paciente na chamada circulação extra-corpórea - todo sangue que chegaria para o coração é desviado para uma máquina que faz o bombeamento do coração durante a cirurgia.

"Então é possível abrir o coração, retirar o tumor, fechar o coração e fazê-lo voltar a funcionar. Ao desligar a máquina, o coração reassume os batimentos naturais", explica.

O outro procedimento é a cirurgia minimamente invasiva. Nessa técnica ainda é preciso parar o coração, mas não é necessário abrir o peito. A operação é feita por meio de uma câmera introduzida através de pequenas incisões.

Segundo o médico, nesse caso a recuperação é muito mais rápida. "Na cirurgia convencional, a recuperação leva de 2 a 3 meses. Já, nessa técnica, são 15 dias para atividades normais e de 20 a 30 dias para atividades intensas, como exercícios físicos", afirma. Segundo ele, Bruna poderá continuar sendo atleta.

O critério que leva a um procedimento ou outro é o tamanho do tumor e outros problemas de saúde. "Um tumor com mais do que 5 cm é mais difícil de ser retirado por meio de cirurgia minimamente invasiva", explica.

Átrio 

"O átrio esquerdo é uma cavidade com 4 cm de tamanho. Quando o tumor chega a 5 cm ele ocupa quase a totalidade do átrio, por isso impede que o sangue passe de maneira adequada", completa.

Ao ser removido, o tumor vai para análise. O câncer é possível no coração, mas, segundo o médico, é muito mais raro e difícil de ser tratado.

Depois da retirada do tumor, é feito um acompanhamento para prevenir recidiva, embora seja rara. "Mas a pessoa não terá restrição a atividades e nenhum comprometimento da função do coração. Ela volta a trabalhar normalmente após a cirurgia".

Gaia aponta que, embora exista um componente hereditário para o mixoma, trata-se de um tumor espontâneo. "De cada 10 aparecimentos desse tumor, 1 tem fator familiar", diz. Segundo ele, os hormônios femininos não interferem na formação desse tumor.

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