Saúde

Família doa órgãos após morte de vítima de atropelamento e salva a vida de 7 pessoas

Foram doados o coração, rins, fígado, córneas e esclera. Ato de solidariedade deu nova vida a outros pacientes da Santa Casa de Cachoeiro.

Foto: Divulgação / Pexel
Devido ao forte temporal que atingiu a Grande Vitória no sábado, não foi possível fazer o transporte dos órgãos por meio de helicóptero. 

Uma vítima de atropelamento deu entrada na Santa Casa de Misericórdia Cachoeiro, mas não resistiu e morreu. Apesar do momento de profunda tristeza, a família da jovem autorizou a doação de órgão. A cirurgia foi feita no próprio hospital durante o fim de semana.

Foram doados o coração, rins, fígado, córneas e esclera. O gesto de solidariedade da família vai garantir vida para sete pessoas que aguardavam na fila de transplante de órgão no Espírito Santo.

De acordo com a enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Beatriz Rivieri Colodetti, a partir do momento em que a família autorizou a doação, a equipe de profissionais travaram uma verdadeira luta contra o tempo.

Devido ao forte temporal que atingiu a Grande Vitória no sábado, não foi possível fazer o transporte dos órgãos por meio de helicóptero. Com as vias de acesso também bloqueadas pelos alagamentos, a retirada só foi feita na tarde de sábado quando a chuva deu uma trégua.

"A família estava angustiada, mas tive muita paciência. Esse momento é muito triste e a dor é grande demais, mas a carga fica mais leve ao saber que o gesto ajudará outras pessoas a continuarem vivendo", contou a enfermeira.

O transporte teve que ser feito em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que auxiliou nos trabalhos. A principal preocupação era com o coração, que precisa ser transplantado no máximo em quatro horas.

Com todo o esforço da equipe, os órgãos foram levados e já foram recebidos pelos doadores.

A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro é referência em trabalhos educativos para captação de órgãos no Espirito Santo, estando entre os hospitais que mais contribuem para redução da fila de espera por órgãos no Brasil. Ao longo dos anos a Instituição tem efetivado um número maior de doações do que a média geral brasileira, graças a seriedade e qualificação de sua equipe.

O processo de doação

A captação dos órgãos acontece somente após constatação de morte encefálica, ou seja, quando há completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro.

Esse diagnóstico é realizado por uma equipe profissional por meio de exames de imagem, exames clínicos e exames laboratoriais. Após a confirmação da morte encefálica, a família é comunicada sobre a situação irreversível e decide sobre a doação dos órgãos de seu ente.

Esse momento de abordagem, segundo a coordenadora da Central de Transplante, Maria Machado, é muito delicado devido ao sofrimento dos familiares no momento da perda. Ela destacou que quando a pessoa informa a família sobre o desejo de doar seus órgãos, a decisão é menos dolorida para os familiares.

“Por isso é importante que as pessoas conversem em casa sobre seu desejo e, mesmo em um momento de dor, a família opta pela doação. Uma vida pode salvar até sete outras vidas”, destacou.

Todas as pessoas podem ser doadoras de órgãos. Para isso, basta ter condições adequadas de saúde.

De janeiro a abril deste ano, a Central Estadual de Transplante realizou 117 transplantes no Espírito Santo. No mesmo período em 2018 foram 123 procedimentos realizados.

Até a segunda-feira (20), a Central registrou três pessoas à espera de um coração, 176 pessoas aguardando por um transplante de córneas, 36 precisando de doação de fígado, e 942 pessoas esperando um rim.

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