Saúde

Especialistas recomendam hipnose para tratar dores persistentes

A hipnoterapia atua na memória que o paciente sente em relação à dor inicial, fazendo com que ela diminua e até acabe definitivamente

Foto: Divulgação

Enxaquecas, cólicas menstruais, fibromialgia, queimaduras, procedimentos odontológicos, doenças reumáticas, problemas na coluna e nas articulações, degenerações e infamações nos órgãos internos, tudo isso pode acarretar uma consequência em comum: dor crônica. Muitas vezes insuportável, essa dor debilita física e psicologicamente seus portadores, incapacitando-os para uma vida produtiva, satisfatória e feliz.

Segundo levantamento realizado entre 2015 e 2016 pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (Sbed), pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Faculdade de Medicina do ABC, cerca de 37% da população brasileira sentem dor crônica, caracterizada como aquela que dura por mais de três meses. Ou seja, é um problema de saúde pública, que afeta milhões de brasileiros, mas que pode ser tratado de maneira eficaz através de terapias não convencionais como a hipnose e a Decodificação Mente Corpo (DMC). Conforme a hipnoterapeuta Juliana Casagrande, isso é possível devido à semelhança entre a dor e a memória.

A hipnoterapeuta explica que quem padece de dor crônica guarda em sua memória a experiência da dor, o que contribui para que volte a senti-la. Conforme Juliana, por meio da hipnoterapia e da DMC a pessoa começa a controlar a intensidade da dor e aos poucos percebe o alívio. “Com o passar do tempo, a memória relativa à dor se dissipa e a pessoa pode até deixar de sentir o sofrimento ocasionado por ela definitivamente”, esclarece.

Tanto a hipnoterapia quanto a DMC apresenta como base de seus preceitos que todas as doenças, inclusive as dores crônicas, têm causa emocional. Fundamentada na chamada Nova Medicina Germânica, a DMC, por exemplo, acredita que aquilo que afeta o corpo, adoecendo-o, é ocasionado por um trauma: seja uma perda ou um susto muito grande vividos anteriormente. Juliana destaca ainda que, conforme os ensinamentos da DMC, situações pequenas também podem ser consideradas traumáticas, desde que vivenciadas constantemente ao longo do tempo.

“Através da hipnoterapia e da DMC é possível saber qual foi a situação que desencadeou o desenvolvimento da doença e dessa forma ressignificar todo o evento”, relata Juliana. De acordo com a hipnoterapeuta, a partir da nova interpretação dada pela mente à situação traumática, o corpo entende que não se faz mais necessário causar a doença (dor) para o paciente.

Com o intuito de compreender melhor como funciona esse processo, faz-se necessário esclarecer que a hipnoterapia atua no plano subconsciente da mente humana, o qual ela entende ser a região que condiciona o modo de agir das pessoas. Segundo Juliana, essa esfera tem como praxe atuar para proteger o indivíduo de ameaças reais ou imaginárias. Ao experimentar uma emoção certa vez, o corpo reagirá de determinada forma, tendendo a reagir da mesma maneira todas as vezes que o subconsciente entender que a situação está se repetindo.

Junte-se a isso o fato de que o subconsciente tem uma propensão ao conservadorismo, manter as coisas como estão, e o chamado fator crítico do consciente, uma tendência da mente a colocar em modo de espera todas as sugestões positivas (propostas de mudanças) que possam vir da própria pessoa ou de fontes externas. 

Através de ferramentas próprias, o tratamento via hipnose consegue ultrapassar essa barreira do fator crítico e fazer com que as modificações necessárias sejam aceitas pelo subconsciente, desde que haja uma atitude positiva por parte do paciente diante do que foi sugerido.

Conforme a hipnoterapeuta, os resultados do estudo foram ótimos. A paciente relatou que, após o tratamento, chegou a ficar até cinco dias sem sentir dor e que esta havia diminuído 90%. Apresentou ainda melhoras em relação ao estado de ânimo e demonstrou ter adquirido ferramentas para lidar com os momentos de dor. “A paciente declarou ter a intenção de retomar a profissão futuramente e aprendera a usar por conta própria algumas técnicas hipnóticas para conter crises”, conta Juliana.

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