Saúde

Mais de 30 mil brasileiros convivem com doença que ataca o sistema nervoso

De acordo com neurologista a doença pode manifestar sintomas sensitivos, motores, incoordenação e alterações visuais

Foto: Pixabay

Jovens com idades entre 20 e 40 anos, e frequentemente mulheres, são os grupos mais suscetíveis ao desenvolvimento da Esclerose Múltipla. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), a doença neurológica afeta ao menos 35 mil de brasileiros.

De acordo com a neurologista Priscilla Proveti, a EM é uma doença crônica, autoimune e desmielinizante do sistema nervoso central. “Os neurônios têm uma bainha de mielina que funciona como uma capa de fio elétrico que é responsável por transmitir o impulso nervoso do cérebro para outras outras partes do organismo e vice-versa. No entanto, na EM, o sistema imunológico identifica essa bainha como uma ameaça e ataca, por isso o termo desmielinizante", explica. 

A perda da bainha de mielina prejudica a função do neurônio e gera uma inflamação que atinge diversas partes do sistema nervoso e ocasiona sintomas variados de acordo com a área do cérebro afetada.

As causas para o surgimento da EM ainda não são claras. No entanto, múltiplos fatores ambientais e genéticos já foram associados à fisiopatologia da doença. Dentre os fatores ambientais, está a imaturidade do sistema imunológico, a infecção por alguns agentes virais e bacterianos, como o herpesvírus tipo 6, vírus Epstein-Barr, retrovírus endógeno humano; baixos níveis de vitamina D e o tabagismo. 

Sintomas

De acordo com a neurologista a doença pode manifestar sintomas sensitivos, motores, incoordenação ou alterações visuais, a depender da região do cérebro afetada. “Entre as queixas mais frequentes estão alterações visuais, fraqueza nos membros, desequilíbrio, incoordenação, alterações de sensibilidade e distúrbios urinários”, conta.

Quando afeta a visão, a doença pode ocasionar embaçamento visual, perda do brilho das cores, até perda visual, geralmente acompanhado da dor a movimentação ocular. os sintomas sensitivos são os mais comuns Ao menos 40% dos pacientes relatam alteração da sensibilidade em determinada região do corpo, formigamentos ou dor inexplicável.

Em alguns casos, alterações cognitivas e de memória podem ocorrer, mas na maioria das vezes, tendem a desenvolver-se tardiamente.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da esclerose múltipla é feito a partir de exames laboratoriais, clínicos e radiológicos. A ressonância magnética é um dos exames de imagem mais importantes tanto no momento do diagnóstico inicial, quanto no acompanhamento da doença no tempo. Segundo o médico radiologista Felipe Landeira, o exame “permite afastar outras possibilidades diagnósticas, avaliar resposta ao tratamento e identificação de novas crises da doença, além de identificar casos em que se podem esperar melhor ou pior prognóstico”.

Segundo a Dra. Priscilla Proveti, outro exame normalmente indicado é o de Liquor. O Líquor (Líquido Cefalorraquiano) é um fluído corporal transparente produzido pelo cérebro. A análise feita a partir de uma pequena coleta desse líquido pode identificar diversas doenças do sistema nervoso. “Esse exame também pode auxiliar no diagnóstico, assim como pode ser essencial para o diagnóstico diferencial”.

Já o tratamento apresenta três bases principais: tratamento do surto, de manutenção e o sintomático. “O primeiro é feito principalmente com corticoides em altas doses, com duração de 3 a 5 dias. O tratamento de manutenção é o que realmente impede a progressão da doença, controlando o processo inflamatório. Existem diversos medicamentos disponíveis, sendo os imunomoduladores e imunossupressores os principais. O tratamento sintomático consiste em tratar possíveis sequelas e sintomas, como a fadiga e a incontinência urinária”.

Pontos moeda