Saúde

'Diabetes não é um bicho de 7 cabeças. É de oito', diz paciente sobre a doença

No País, um grande problema enfrentado atualmente é a falta de distribuição da insulina para os pacientes

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Larissa Agnez
Zilda Silva atualmente disputa corridas de rua, é saudável e mantém a glicemia estável

Zilda Maria Silva tem 67 anos e há 15 anos descobriu que tem diabetes. Por causa da doença, ela já passou por diversas cirurgias e até desenvolveu outros problemas de saúde. Para ela, todos deveriam se conscientizar que o diabetes não é um bicho de sete cabeças, e sim de oito, mas que é possível ser mais forte e lutar contra a doença. 

A própria Zilda é um exemplo disso. Atualmente, ela se considera uma atleta e até já participou de corridas de rua de 5, 15 e 21 quilômetros, em São Paulo.

Segundo ela, o primeiro pensamento de quem descobre ter a doença é que nunca mais poderá ter uma vida "normal" - comer o que quiser, sair e até praticar atividade física. Isso porque a doença, a princípio, restringe a vida de quem a tem. No entanto, com acompanhamento médico especializado e cuidados rotineiros é possível ter qualidade de vida. 

Atualmente no Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas têm diabetes. Estimativas divulgadas no Workshop para Jornalistas da ADJ Diabetes Brasil, realizado na última quinta-feira (13), mostram que, de 2003 até 2025, a incidência da doença deve crescer em 135%.

Um outro exemplo de superação é o de Otávio Domingos da Costa, de 72 anos, que convive com a doença há 20. Ele conta que resolveu buscar ajuda depois de 15 noites dormindo mal. 

"Fui à unidade de saúde perto da minha casa, a enfermeira estava fazendo alguns exames e perguntou se eu tinha diabetes. Respondi que não e ela 'carinhosamente' gritou: 'arruma um leito para ele'! Na hora que ela disse isso eu me assustei. Ela saiu procurando um leito para mim e eu 'fugi' e fui para minha casa. Quando cheguei lá, estava com uma expressão totalmente desagradável, com um semblante ruim. As pessoas começaram a perguntar o que tinha acontecido. Precisei voltar ao médico e me internaram. O diagnostico? Diabetes", contou Otávio.

O aposentado lembra que, com o diagnóstico, começou a se sentir impotente e achou que ter a doença seria o mesmo que morrer. No entanto, depois de conhecer a ADJ, ele diz que as coisas começaram a mudar em sua vida. 

"Lá eu recebi orientações sobre a doença, maneiras de tratá-la e como conviver com ela. Fui acolhido, bem tratado. Tinha informação sobre tudo o que precisava e isso esclarecia minha dúvidas. Hoje em dia é como se eu não tivesse mais diabetes", contou. 

Foto: Larissa Agnez
Bruna Lima é nutricionista e líder jovem da ADJ

E quem pensa que a doença só acomete pessoas mais velhas está muito enganado. "Eu recebi o diagnóstico na adolescência. Minha vida virou de ponta-cabeça, era a fase que eu estava aproveitando, saindo com os amigos. De repente, não podia mais beber, não conseguia ir dormir na casa de amigos ou ir para festas, porque teria que levar o glicosímetro. Foi um momento muito complicado. Eu comecei a ter depressão, pensava que minha vida tinha acabado, mas, na verdade, não é bem assim. Quando se cuida é possível ter uma vida saudável, boa. Quando conheci a ADJ, vi que tinham mais pessoas com diabetes, inclusive algumas mais novas que eu e que estavam bem. Foi o que me ajudou a seguir em frente", disse a nutricionista Bruna Lima, 24 anos. 

Na instituição, Bruna conheceu os Jovens Líderes, um programa para pessoas de até 25 anos, cujo principal objetivo é levar informações sobre a doença para o Brasil e para o mundo. "Este ano eu me formei e assumi a liderança do programa. Hoje posso dizer que sou mais saudável e mais feliz do que eu era antes de descobrir o diabetes", relatou a jovem líder, que, no fim do discurso, foi convidada pela ADJ para ser contratada pela organização como nutricionista.

No Workshop...

Dados exibidos no workshop também mostraram que o país é o quarto no ranking mundial da doença. E um grande problema enfrentado atualmente é a falta de distribuição da insulina para os pacientes. 

A coordenadora da ADJ, Vanessa Pirolo, que também tem diabetes, comentou que o medicamento não está chegando na população e não é por falta dele. "Nós estamos tentando, de todas as formas, contato com o Ministério da Saúde para entender a situação. Daqui a pouco as doses irão vencer, o medicamento será perdido e quem mais sofre com isso é o paciente", afirmou. 

Foto: ADJ Diabetes Brasil
Workshop reuniu jornalistas de 7 Estados diferentes do Brasil. O Espírito Santo foi representado pelo Folha Vitória Saúde

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