CORONAVÍRUS

Saúde

Taxa de transmissão do coronavírus no ES é de 1.8; saiba o que isso significa

Cálculo é feito para medir a velocidade de transmissão do vírus, projetar cenários para o futuro e definir medidas para tentar frear a disseminação da covid-19

Foto: TV Vitória

A taxa de transmissão do novo coronavírus no Espírito Santo atualmente está em 1.8. Isso significa que cada grupo de dez pessoas com a covid-19 é capaz de infectar mais 18. O cálculo é feito para medir a velocidade de transmissão do vírus em determinado local, projetar cenários para o futuro próximo e definir medidas para tentar frear a disseminação da doença.

No Estado, quem realiza esse cálculo é o Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que constatou que, em março e na primeira quinzena de abril, a taxa de transmissão — o chamado RT — era de 3.7. 

Com as medidas de isolamento social, essa taxa caiu para 1.6, de meados de abril em diante. No entanto, nas últimas duas semanas, a taxa de transmissão voltou a subir e chegou aos atuais 1.8.

"A gente pega os parâmetros da epidemia aqui no Espírito Santo — taxa de letalidade, o tempo que leva para as pessoas se recuperarem. Então tem vários parâmetros que a gente usa da epidemia aqui no Espírito Santo, coloca nesse sistema de equações e um dos parâmetros é o RT, que é essa taxa de transmissão. Então a gente vê a melhor taxa de transmissão que se adequa à nossa curva de contágio aqui no Espírito Santo", explicou o matemático Etereldes Gonçalves Júnior, um dos pesquisadores que fazem o cálculo da velocidade de transmissão do coronavírus no Espírito Santo.

A pesquisadora e epidemiologista Ethel Maciel também faz parte da equipe que abastece a Secretaria Estadual de Saúde com os dados estatísticos. Ela afirma que a taxa ideal deve ser abaixo de 1, e explica o porquê.

"Para a gente dizer 'a doença está controlada', a gente teria que ter uma taxa de transmissão abaixo de 1. Vamos pensar como exemplo: 0,8. Se a gente tivesse dez pessoas infectadas, essas dez pessoas só transmitiriam para oito, e isso ia reduzindo até que o vírus ficasse entre nós, mas sem causar tantos danos. Qualquer taxa acima de 1 é problemática, porque ela vai crescendo numa multiplicação, de forma exponencial, muito grande", destacou.

Os números não mentem. E o alerta para que as pessoas tenham consciência do perigo é feito por quem usa os dados para mostrar como vai ser o futuro se o comportamento presente não mudar.

"[O objetivo] é saber, principalmente, se o sistema de saúde terá condição de atender a todos que vierem a ficar doentes nessa velocidade de contágio. Então é saber se serão necessárias medidas mais restritivas para diminuir essa taxa, essa velocidade com que a doença avança, para que o sistema de saúde dê conta de atender a todos que necessitem de atendimento", frisou Etereldes.

"Quando você começa um plano de abertura ainda quando o vírus está circulando muito acelerado, a possibilidade que você vai ter de causar um colapso, de não ter vaga para as pessoas internarem nos hospitais, é muito grande, porque esse vírus transmite muito rápido. Então o ideal é que a gente diminuísse a interação entre nós e aumentasse, portanto, o isolamento", completou a infectologista.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV 

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