CORONAVÍRUS

Saúde

Entidades médicas do ES alertam sobre medicamentos usados para tratamento da covid-19

Segundo comunicado divulgado pelas instituições, é preciso ter cautela ao utilizar esses remédios que, segundo elas, ainda não têm eficácia comprovada no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus

Foto: Reprodução/Pexels

Preocupadas com a propagação de mensagens, vídeos e postagens feitas em redes sociais, indicando combinações de medicamentos para tratamento da covid-19, cinco entidades médicas do Espírito Santo divulgaram, em conjunto, nesta quinta-feira (2), uma carta aberta a profissionais de saúde e à população capixaba alertando sobre o uso dessas medicações.

Segundo o comunicado, é preciso ter cautela ao utilizar esses remédios que, segundo as entidades, ainda não têm eficácia comprovada no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus.

"Muitas destas divulgações devem ser analisadas com cautela, pois, mesmo sem evidência científica robusta, informam a população leiga acerca de possíveis tratamentos e estimulam a coerção dos profissionais de saúde, ferindo autonomia e preceitos éticos", destaca a nota, assinada pela Sociedade de Infectologia do Espírito Santo(SIES), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia no Estado (SBGG-ES), Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC), Sociedade Espiritossantense de Pediatria (Soespe) e Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo (SPES).

As instituições destacam, na carta, que o Código de Ética Médica garante que é direito do médico "indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente". Além disso, segundo a mesma legislação, é vedado a ele "divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente".

As entidades ressaltam ainda que diferentes prefeituras do Espírito Santo têm divulgado a incorporação de protocolos de tratamento para a covid-19 fora do ambiente de pesquisa clínica, "sem eficácia comprovada até o momento e sem respeito à autonomia do médico para exercer julgamento individual de cada paciente".

"Importante lembrar que o direcionamento de recursos públicos deve priorizar medidas de eficácia comprovada, como a proteção dos profissionais de saúde com equipamentos de proteção individual, manutenção de espaços de atendimento à população, veiculação de campanhas informativas sérias, fornecimento de testes diagnósticos, isolamento de indivíduos infectados e garantia de leitos para os que necessitarem", afirmaram na nota.

Confira o texto da carta na íntegra:

Carta aberta aos profissionais de saúde e à população capixaba
Diariamente têm circulado em redes sociais mensagens, vídeos e postagens diversas indicando combinações de medicamentos para tratamento da COVID-19. Muitas destas divulgações devem ser analisadas com cautela, pois, mesmo sem evidência científica robusta, informam a população leiga acerca de possíveis tratamentos e estimulam a coerção dos profissionais de saúde, ferindo autonomia e preceitos éticos.
É direito do médico garantido pelo Código de Ética Médica “II – Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente.” E é a ele vedado “Art. 113 Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente.”
Além disso, como tem sido noticiado amplamente, diferentes prefeituras no estado têm divulgado a incorporação de protocolos de tratamento para COVID-19, fora do ambiente de pesquisa clínica, sem eficácia comprovada até o momento e sem respeito à autonomia do médico para exercer julgamento individual de cada paciente.
Importante lembrar que o direcionamento de recursos públicos deve priorizar medidas de eficácia comprovada, como a proteção dos profissionais de saúde com equipamentos de proteção individual, manutenção de espaços de atendimento à população, veiculação de campanhas informativas sérias, fornecimento de testes diagnósticos, isolamento de indivíduos infectados e garantia de leitos para os que necessitarem. Desta maneira, a ​Sociedade de Infectologia do Estado do Espírito Santo (SIES), a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - ES (SBGG-ES), a Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC), a Sociedade Espiritossantense de Pediatria (SOESPE) e a Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo (SPES) vêm a público compartilhar posicionamentos publicados pelas sociedades científicas nacionais, baseados no conhecimento científico acumulado até o momento sobre o tratamento farmacológico da COVID-19. Reiteramos assim nosso compromisso com a ética e a medicina baseada em evidências, assim como seu respeito pela sociedade capixaba e pelos colegas de profissão.   

Pontos moeda