Saúde

Isolamento social: saiba como ele pode afetar sua memória

Estresse, solidão, ansiedade e depressão podem afetar a aptidão para reter informações, números e fatos; idosos com demência devem ter mais cuidado

Foto: Divulgação

Embora as falhas sejam mais frequentes a partir dos 60 anos, a queixa de falta de memória não é necessariamente sinônimo de uma doença neurológica mais grave e exclusiva aos idosos. O isolamento social imposto pela pandemia do Coronavírus tem aumentado relatos de sofrimento por depressão, ansiedade e estresse. Todos esses transtornos podem afetar ativamente a qualidade da memória da população, e mesmo com flexibilizações da quarentena, podem levar um tempo para se recuperar de tais impactos.

"Além do estresse causado pelo isolamento social, ainda persiste na população o medo de contaminação, a ansiedade em retomar as atividades, as frustrações do que ficou para trás e incertezas com relação ao futuro. São situações de nervosismo que acarretam os transtornos do humor, como ansiedade e depressão, que impactam no funcionamento da nossa memória", explica o Dr. Diogo Haddad, neurologista e coordenador do Núcleo da Memória da Unidade Campo Belo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Como isso acontece?

Quando a pessoa passa por uma situação ou período constante de estresse, o sistema nervoso simpático, que prepara o organismo para reagir e suportar situações de medo, perigo, esforço psíquico e físico, libera adrenalina. Enquanto o eixo HPA (Hipotálamo-hipófise -Adrenal), um sistema neuroendócrino, libera o cortisol, conhecido como hormônio do estresse. Esses dois processos acabam influenciado no hipocampo, região responsável pela memória, que pode perder sua plasticidade, principalmente em casos de um isolamento muito severo, como em uma solitária.

"Todos esses desequilíbrios nessas regiões cerebrais acabam comprometendo o aprendizado, a retenção de novas informações e na realização das tarefas diárias. A pessoa fica mais desatenta, com sua capacidade de concentração comprometida", comenta o neurologista.

Cuidados com a memória

Em pessoas mais velhas, e já com diagnóstico de demência, a atenção diante do isolamento devido à covid-19 precisa ser redobrada. Além de poder ter dificuldades para lembrar dos procedimentos de segurança, como o uso de máscaras e higienização, e pouca habilidade para lidar com as ferramentas tecnológicas de comunicação, idosos com a doença podem sofrer ainda mais com o aumento dos níveis de estresse e ansiedade, piorando a doença que está em tratamento.

Para tentar amenizar os efeitos do isolamento e manter a memória firme e forte, uma alimentação saudável, boas noites de sono e práticia de atividade física são importantes para conter alterações cognitivas. Atividades simples, que ativam e estimulam o cérebro também ajudam, como leitura, jogos, escrita e começar novas atividades. Técnicas de redução de estresse, exercícios de relaxamento ou meditação e atendimento psicológico também são recomendados.

Mas, caso o problema persista e se torne progressivo e rotineiro, é importante procurar um especialista para um diagnóstico mais preciso. Exercício de respiração diafragmática que ajuda no relaxamento

• Recomenda-se a realização duas vezes ao dia, ao acordar e antes de dormir,

• Deite-se em una superfície reta e feche os olhos,

• Imagine ter uma bexiga na boca do estômago,

• Inspire contando mentalmente até três, tentando inflar a bexiga imaginária,

• Solte o ar contando mentalmente até seis, imaginando um pequeno furo na bexiga,

• Inicialmente repita esse exercício de respiração por dez minutos, quando já se sentir confortável, aumente a prática para 15 minutos,

• Se for difícil soltar o ar contando mentalmente até seis, inicie contando até quatro, depois até cinco e finalmente até seis O importante é que a expiração seja mais prolongada que a inspiração.

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