'Fake news' podem atrapalhar o tratamento contra o câncer de mama
60 mil novos casos de câncer de mama podem ser diagnosticados no Brasil até 2019
Os números do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam um sinal de alerta: 60 mil novos casos de câncer de mama podem ser diagnosticados no Brasil até 2019. Com o "susto" inicial do paciente que recebe esse diagnóstico, muitas mulheres começam a pesquisar sobre o tema e ainda se deparam com notícias falsas ("fake news") que circulam sobre o tema, que vão de tratamentos a diagnósticos.
De acordo com Evandro Fallacci, mastologista da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho de São Paulo, essas notícias podem prejudicar o tratamento correto da doença. "Algumas pessoas até abandonam o tratamento convencional e o acompanhamento médico por conta de notícias falsas".
Como o câncer de mama é o de maior incidência entre as mulheres brasileiras, a informação é uma arma importante para o diagnóstico precoce e, consequentemente, melhor resposta ao tratamento. "A credibilidade das informação sobre diagnóstico e tratamento devem sempre vir de médicos e especialistas que estejam tratando a paciente", reforça o especialista.
Abaixo você pode ver as principais notícias falsas sobre o câncer de mama e as orientações do mastologista Evandro Fallacci sobre o tema:
Cremes, pomadas ou chás podem curar o câncer
Falso. Nenhuma dessas substâncias tratam ou evitam a doença. Evandro Fallacci explica que as alterações que desencadeiam o câncer começam no interior das células promovendo um crescimento descontrolado, por isso não podem ser evitadas com tratamentos alternativos. "Não existem relatos na literatura médica de que cremes e pomadas possam tratar câncer. Claro que manter uma vida saudável com boa alimentação, exercícios regulares, uso de protetor solar e boas noites de sono podem fortalecer o organismo, mas não evitam a maioria dos tipos de câncer", diz o médico. Os tumores de pele são uma exceção, já que normalmente são prevenidos com o uso de bloqueadores dos raios solares.
Ter silicone faz com que a mulher tenha mais chances de ter câncer de mama
Falso. O especialista explica que não existem relatos científicos de que a doença seja desencadeada pelo uso de próteses de silicone. "O que acontece muitas vezes é que a mulher se preocupa com a estética do seio e deixa de fazer a visitar regularmente o mastologista para exames anuais. Com isso, a doença pode desenvolver-se sem diagnóstico precoce, mas não por causa da prótese", diz.
Existem combinações de remédios de farmácia que substituem a quimioterapia
Falso. A quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia são etapas fundamentais do tratamento do câncer de mama. Em alguns casos, elas podem ser combinadas. "Cada paciente deve ser tratada de maneira única" explica o mastologista.
Apenas mulheres acima dos 50 anos podem ter câncer de mama
Falso. Apesar de raro, existem mulheres que desenvolvem a doença mais cedo do que a maioria por uma predisposição genética ou por outros fatores como exposição excessiva à radiação na região do tórax. "Por isso, é muito importante fazer o autoexame e ir ao ginecologista regularmente", lembra Evandro.
Se o resultado da mamografia der alterado a paciente está com câncer
Falso. Qualquer alteração deve ser vista com atenção, seja na mamografia ou durante o autoexame das mamas. No entanto, nem todas são malignas (cancerígenas). O exame pode indicar também cistos, nódulos e calcificações. O ideal é, sempre que detectada uma alteração, que a paciente procure um mastologista para esclarecimento e acompanhamento.
Apenas um exame é necessário para ter o diagnóstico de câncer de mama
Falso. Além da mamografia, outros exames complementares podem ser feitos dependendo do tipo e volume da mama, da idade e da presença de implantes mamários e histórico familiar. A ultrassonografia e a ressonância magnética são exemplos de exames complementares.
Consultoria: Hospital 9 de Julho