Saúde

Bactéria pode impedir novos casos de dengue, zika e chikungunya, revela estudo

Para que possa ajudar a combater a dengue, os Aedes aegypti com Wolbachia (bactéria) precisam ser liberados na natureza

Foto: Divulgação
Mosquito infectado pela bactéria tem menor capacidade de transmitir doenças e, ao serem soltos, reproduzem e geram mosquitos com as mesmas características.

Combater a dengue sempre foi uma questão de saúde pública. Neste ano, o governo Federal já investiu aproximadamente 22 milhões de reais no método Wolbachia para reduzir a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. 

O pesquisador Luciano Moreira responsável por trazer o método para o Brasil, conta que a pesquisa está sendo coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz. 

Os primeiros testes foram realizados no dia 15 de abril deste ano, quando ocorreu a primeira soltura de mosquitos Aedes aegypti que carregam a bactéria Wolbachia.

O que é o método? 

“A Wolbachia é uma bactéria que vive dentro de células, é muito comum na natureza. Cerca de 60% de todos os insetos do mundo tem naturalmente a Wolbachia, mas ela não está presente no Aedes aegypti, apesar de estar presente em outras espécies de mosquitos, como o pernilongo comum. A grande descoberta veio com um estudo mostrando que, quando o Aedes aegypti tem a Wolbachia, ele vem reduzir muito a capacidade de transmitir tanto dengue, como Zika e, também, a chikungunya", explicou o pesquisador Luciano Moreira. 

Teste 

Conforme pesquisas do projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fiocruz, o mosquito infectado pela bactéria tem menor capacidade de transmitir doenças. Ao serem soltos, reproduzem e geram mosquitos com as mesmas características. O Ministério da Saúde diz que os mosquitos não foram modificados geneticamente. 

Para que possa ajudar a combater a dengue, os Aedes aegypti com Wolbachia criados na Fiocruz precisam ser liberados na natureza. Eles vão se reproduzir com os mosquitos e gerar uma população de Aedes com a capacidade reduzida de transmitir as doenças.

Método é testado em outros países 

Este método está presente em 12 países. No Brasil, as atividades começaram em 2012 e as primeiras cidades a receber os mosquitos com Wolbachia foram Rio de Janeiro e Niterói, em 2015. O projeto agora entra em expansão e vai chegar em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).

Segundo o pesquisador, a vantagem do Método Wolbachia é que ele é seguro, natural e autossustentável. Ele é seguro porque não faz mal a natureza, nem a humanos ou animais. Natural porque não envolve modificação genética. E autossustentável porque depois de algumas semanas de liberação, o mosquito continua transmitindo a Wolbachia para seus filhotes.

É preciso ajudar

Luciano Moreira ressalta que a medida é complementar às demais ações de prevenção, portanto a população deve manter os esforços para o combate e o controle do mosquito.

O Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) aponta que 994 municípios brasileiros estão em risco de surto de dengue, zika e chikungunya. Essas cidades apresentaram um alto índice de infestação do mosquito e precisam intensificar as ações de combate ao vetor. Outros 2,1 mil municípios estão em situação de alerta.

Dengue no ES

O Espírito Santo é o sexto estado no ranking nacional da incidência da dengue. No total, são 155 casos registrados da doença por dia no ES, segundo informações da Secretária de Estado da Saúde. 

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Sesa, 75.972 casos de dengue foram notificados até a semana 44 de 2019. A incidência da doença no estado é de 1.912,50 casos por 100 mil habitantes. Neste ano, foram confirmados 39 óbitos causados pela dengue. 

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