Setor de serviços avança pelo 8º mês e mostra força na economia brasileira

A espinha dorsal da economia brasileira, o setor de serviços, voltou a demonstrar força e surpreendeu positivamente no relatório mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro de 2025, o volume de serviços prestados registrou alta de 0,6% em relação a agosto, considerando a série com ajuste sazonal. No comparativo anual (setembro de 2025 diante de setembro de 2024), o setor avançou 4,1%, consolidando 18 meses consecutivos de crescimento.

Esse resultado reafirma a importância estratégica do setor, que responde por mais de 70% do PIB brasileiro, sendo peça fundamental para a retomada econômica, mesmo frente à elevação da taxa de juros e a desaceleração geral dos demais segmentos.

Panorama dos últimos três anos

Para entender com profundidade o momento do setor de serviços, vale um recorte mais amplo, abrangendo os anos de 2022, 2023 e 2024/25.

2022 – recuperação pós-pandemia

O relatório de fevereiro de 2023 mostra que em 2022 o setor apresentou forte recuperação, com variações bastante positivas ao longo do ano, refletindo a sustentação da demanda após o choque da pandemia. No bimestre fevereiro 2023 / fevereiro 2020, o volume acumulado já superava 11,5% acima do nível pré-pandemia.

A série histórica do IBGE indica que, antes de 2022, o setor ainda enfrentava níveis inferiores ao de fevereiro de 2020 em alguns segmentos. Isso mostra que 2022 marcou um ponto de virada.

2023 – expansão mais moderada

Em 2023, o setor de serviços fechou o ano com alta de 2,3% no volume, pelo dado anual divulgado pelo IBGE. Em dezembro de 2023, a variação mensal foi de apenas +0,3%. Nesse mês, o setor estava 11,7% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 1,7% abaixo do pico da série histórica (dezembro 2022).

Em termos de ritmo, 2023 mostra uma desaceleração frente à forte recuperação de 2022, o que pode indicar efeitos de base, elevação dos juros e outras restrições.

2024/2025 – novo pico histórico e destaque para transporte

Já em 2024 e 2025, o setor retomou dinâmica positiva e, em particular, em 2025 mostra índices que renovam recordes da série histórica. Por exemplo, em setembro de 2025, o volume estava 19,5% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020).

No acumulado dos últimos 12 meses até setembro 2025, o ganho foi de 3,1%, segundo o painel de indicadores do IBGE.

Um dos grandes destaques continua sendo o segmento de transporte de cargas, que em setembro 2025 registrou aumento de 1,2% frente a agosto (fase com ajuste sazonal) e acumula cinco altas consecutivas. Esse segmento está 39,7% acima do nível de fevereiro de 2020, um verdadeiro motor do setor.

Fatores de impulso e gatilhos de destaque

  • Transporte de cargas: além do crescimento mensal citado, o segmento sustenta a retomada por meio do escoamento da safra agrícola, da logística associada ao agronegócio e de cadeias de movimentação de bens que seguem aquecidas. O setor de transportes tem sido o grande responsável por essa sequência de taxas positivas.
  • Setor menos atingido pela desaceleração: Em meio a economia mais tímida, o setor de serviços mostra resiliência, não está imune aos ventos contrários, mas sofre menos do que indústria ou comércio, por exemplo, em parte devido à diversificação das atividades de serviços.
  • Áreas como Informação e Comunicação, Profissionais/Administrativos: Essas subatividades também têm mostrado avanço e ajudam a sustentar o resultado agregado, embora com performance inferior ao transporte em alguns momentos. Por exemplo, em fevereiro de 2025, o ramo Informação e Comunicação cresceu 1,8% frente ao mês anterior.
  • Base de comparação: O forte impacto da pandemia e o grau de recuperação aceleraram os ganhos nos anos iniciais, porém, à medida que se aproxima o nível de antes da pandemia, o ganho marginal tende a diminuir, o que exige mais esforço para sustentar o crescimento.

Análise de risco e de estrutura

Embora o setor esteja em patamar recorde, há riscos claros: a elevada taxa de juros, a demanda doméstica menos vigorosa e fatores externos como custo logístico ou câmbio podem segurar novos avanços. A concentração do crescimento em segmentos como cargas indica que, embora o todo esteja crescendo, nem todas as subatividades têm o mesmo vigor.

Setores como serviços prestados às famílias e transporte de passageiros ainda mostram subritmo ou recuperação mais lenta. Por exemplo, em setembro 2025, serviços prestados às famílias recuaram 0,5% frente a agosto. A dependência estruturada de cadeias logísticas ou de commodities implica que choques nestes setores reverberam fortemente no agregado de serviços. Se o transporte de cargas desacelerar, o setor pode perder impulso.

Em termos de regionalização, o desempenho não é homogêneo: algumas unidades da federação registram crescimento mais forte, outras enfrentam retração. Isso aponta que uma leitura segmentada e regional é essencial para entender a dinâmica completa.

O que esse desempenho significa para a economia e para os negócios

O fato de o setor de serviços operar quase 20% acima do nível pré-pandemia (no caso de setembro 2025: +19,5%) mostra uma reconstrução plena da atividade, o que dá suporte à continuidade da recuperação econômica. Para empresas de serviços, isso indica ambiente mais positivo para investimentos, contratações e inovação, especialmente em logística, transportes, tecnologias de informação, atendimento e serviços auxiliares.

Para a TI, esse cenário sugere que as pressões de demanda por tecnologia de suporte a serviços, automação, plataformas de atendimento e acompanhamento operacional só tendem a aumentar, particularmente porque serviços de backoffice, NOC, suporte técnico e plataformas de atendimento estão em uma economia que está mais ativa.

Para formuladores de política e reguladores, a lição é clara: manter estímulos, infraestrutura de transporte e logística e frameworks que permitam expansão sustentável são cruciais para que esse setor continue a puxar o crescimento.

Para mercados financeiros e analistas econômicos, a persistência desse crescimento reforça que o setor de serviços pode funcionar como âncora de estabilidade em momentos de incerteza, embora o ritmo moderado (ex: +2,3% em 2023) indique que o boom da recuperação já passou e agora entra em fase de maturação.

Indicadores

AnoCrescimento do volume de serviços*Observações principais
2022Alta expressiva (recuperação pós-pandemia)Recuperação forte, base de comparação baixa
2023+2,3% (dados anuais)Terceiro ano consecutivo de alta, mas ritmo mais lento
2024/2025 até set 25+3,1% últimos 12 meses até set/25Renovação do recorde da série: +19,5% acima de fev/2020

* Volume de serviços = índice de quantidade produzida ou prestada, ajustado sazonalmente, segundo a PMS do IBGE.

Ainda sobre o tema

Por que o setor de serviços pesa tanto no PIB brasileiro?

Porque representa mais de 70% da economia brasileira, a maior parte das atividades econômicas está concentrada em serviços, como comércio, logística, transporte, TI, saúde, educação, dentre outros.

Como o segmento de transporte de cargas impacta o setor de serviços como um todo?

O transporte de cargas é crucial porque garante o escoamento da produção agrícola, a movimentação de bens industriais, a logística de insumos, ao crescer, impulsiona outros serviços auxiliares, criando efeito multiplicador.

O crescimento de +19,5% acima do nível pré-pandemia significa que o setor está normalizado?

Em grande parte, sim, mas normalizado não significa que todos subsegmentos estão igualmente fortes. Algumas atividades ainda não voltaram ao nível ideal ou estão sob pressão por fatores externos ou restrições de demanda.

Quais segmentos de serviços apresentam maior risco de desaceleração?

Serviços prestados às famílias e transporte de passageiros são vulneráveis, dependem de consumo doméstico, mobilidade e cenário macroeconômico mais frouxo.

Como esse desempenho afeta empresas de TI e operações como as que você coordena?

Um setor de serviços em crescimento significa maior demanda por plataformas de suporte, infraestruturas, automação, atendimento técnico, NOC e Service Desk, logo, potencial de expansão de serviços e necessidade de inovação e eficiência operacional.

Para setores de suporte, TI e operações, o que esse cenário representa?

Oportunidade de ampliar serviços com foco em eficiência, automação e atendimento especializado, considerando que o ambiente de serviços está aquecido.


O setor de tecnologia vem desempenhando um papel central no avanço dos serviços

No Brasil, impulsionado pela digitalização acelerada, pela ampliação da conectividade e pela maior dependência de soluções digitais em todas as áreas da economia. Nos últimos anos, milhões de brasileiros passaram a acessar a internet, o que ampliou a base de consumidores e empresas que dependem diretamente de serviços de TI, como softwares, plataformas de nuvem, telecomunicações, processamento de dados, automação e segurança digital. Esse fenômeno fortaleceu de forma consistente o grupo de atividades conhecido como informação e comunicação, que apresenta crescimento contínuo e contribui diretamente para os resultados positivos do setor de serviços como um todo.

A expansão da tecnologia também está vinculada ao aumento da complexidade operacional das empresas brasileiras. Com mais processos digitalizados e cadeias produtivas apoiadas em sistemas conectados, cresce a demanda por suporte especializado, infraestrutura robusta, monitoramento contínuo, segurança e serviços gerenciados. Esse movimento beneficia áreas como Service Desk, NOC, suporte técnico e automação, que passam a ser essenciais para garantir disponibilidade, performance e qualidade de experiência para usuários internos e clientes. A pressão por eficiência, rapidez e escalabilidade faz com que soluções de atendimento híbrido, inteligência artificial e autoatendimento ganhem força e se tornem diferenciais competitivos.

Outro ponto relevante é que o mercado de tecnologia vive um ciclo de crescimento consistente desde a pandemia, com aumento expressivo na adoção de serviços digitais por empresas de todos os portes. Segmentos como logística, transporte, e-commerce e agronegócio se apoiam cada vez mais em soluções especializadas de TI, como rastreamento, IoT, análise de dados e automação de processos. Esses setores, que já puxam parte do crescimento do volume de serviços no país, acabam ampliando a importância da tecnologia como base operacional e estratégica para o funcionamento da economia moderna. Assim, a expansão da TI se transforma em um vetor que sustenta e acelera a evolução de outras atividades.

Por fim, a combinação entre conectividade crescente, amadurecimento tecnológico e dependência digital traz novas oportunidades e desafios. O setor de serviços está em expansão contínua, e a tecnologia é uma das principais responsáveis por essa trajetória. Ao mesmo tempo em que cresce a demanda por inovação, surgem também necessidades mais sofisticadas, como fortalecimento de segurança cibernética, modernização de infraestrutura, melhoria da experiência do usuário e especialização de equipes. Para empresas de TI, consultorias, provedores de outsourcing e áreas internas de operações, o momento é favorável para expansão, desde que estejam preparadas para entregar eficiência, confiabilidade e valor estratégico em um cenário cada vez mais digitalizado e competitivo.


A fotografia do setor de serviços no Brasil revela mais do que um simples crescimento medido em percentuais, ela mostra uma economia que, embora ainda enfrente desafios como juros elevados, demanda doméstica modesta e instabilidades externas, encontrou no setor de serviços um motor de sustentação e expansão. O avanço de +0,6% em setembro de 2025 é sintomático, ele indica que, mesmo em um contexto macro mais contido, algumas engrenagens continuam a girar com vigor, especialmente a logística, o transporte de cargas e as atividades que suportam o funcionamento dinâmico da economia.

Para gestores, analistas, operadores de TI e stakeholders, essa conjuntura traz duas mensagens fundamentais:

  1. o setor de serviços continua sendo a espinha dorsal da economia brasileira, com peso estratégico e oportunidades;
  2. o momento exige atenção, não descuido, porque o ritmo pode arrefecer, e a eficiência operacional e inovação serão diferenciais para organizações que querem aproveitar essa onda;
  3. O “carro” dos serviços está em marcha acelerada, mas cabe ajustar as marchas, revisar o motor da operação, garantir os pneus e calibrar os freios, para atravessar o novo patamar com elevação sustentável.

A tecnologia pode ser uma valiosa aliada para todos nós, desde que seja utilizada de maneira equilibrada e segura, garantindo que todos nós tenhamos acesso seguro e informações confiáveis.

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Jackson Galvani

Empresário no mercado de tecnologia, foi eleito um dos melhores Gerentes de TI do Brasil, é Coordenador da ExpoTI, Palestrante e Presidente do HDI-Brasil no ES. www.jacksongalvani.com.br

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