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Operação Arca de Noé retira peixes do Rio Doce no ES para evitar contaminação em massa

A força tarefa acontece por causa do rompimento das barragens em Mariana. Com a chegada da lama no ES, a estimativa é de que haja morte de 100% das espécies que habitam o leito do rio

Um plano de retirada dos peixes do Rio Doce, atingido por uma “onda de lama” com rejeitos usados no processo de mineração da empresa Samarco, é executado desde a última quinta-feira (12), no município de Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo.

Dezenas de peixes mortos foram encontrados em meio ao "mar de lama" Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Com a chegada da lama no Espírito Santo, a estimativa é de que haja morte de 100% das espécies que habitam o leito do rio, segundo o  Ministério Público Federal (MPF-ES) .

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A força tarefa envolve a Associação de Pescadores do município, o MPF-ES e o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), além de entidades ambientais.

Os peixes não resistiram à lama e morreram Foto: Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Doce

A operação, denominada Arca de Noé, acontece para resgate e conservação do material genético dos animais. Como medida emergencial, serão retiradas do Rio Doce, com apoio de pescadores, todos os peixes encontrados.

“Onda de lama” deve se espalhar e atingir cerca de 10 mil km² do litoral capixaba

Os animais serão levados para outros locais, previamente definidos. A princípio, serão alocados nas lagoas da Cobra Verde, em Colatina; e na do Limão, em Linhares. Também estão sendo sondados locais próximos à hidrelétrica de Mascarenhas, em Baixo Guandu.

Segundo o MPF-ES, a mineradora Samarco acatou as medidas e está prestando apoio para operacionalização da ação. A empresa, até o momento, também está oferecendo suprimentos para captura e transporte dos peixes.

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Como ainda não há uma análise completa da presença de metais pesados na água do Rio Doce, não há certeza de que os peixes estão ou não contaminados. Além disso, os órgãos ambientais não autorizaram a pesca indiscriminada, permitindo apenas o resgate e a soltura dos animais em locais predeterminados.

Imagens mostram retrato da tragédia

Imagens foram publicadas no Facebook, que desabafou Foto: Leonardo Merçon/Instituto últimos Refúgios

O fotógrafo capixaba Leonardo Merçon, do Instituto Últimos Refúgios, percorreu parte do leito do Rio Doce, em Governador Valadares e constatou o que classificou como "cenas horríveis".

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"Vimos todas as belezas da fauna que serão perdidas. Realmente é mortal para a fauna aquática do rio. Está matando literalmente tudo que tem o azar de estar em seu caminho. Tóxica ou não, está causando um impacto digno de uma das maiores catástrofe. Foi difícil fotografar com os olhos cheios de lágrimas pela tristeza de ver as milhares de vidas sendo levadas em vão! Vidas agonizando, pedindo socorro na superfície da água!", lamentou o fotógrafo na internet.

"Foi difícil fotografar com os olhos cheios de lágrimas pela tristeza" Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
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