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Professor acusado de racismo em sala de aula é demitido da Ufes

Decisão deve ser publicada no Diário Oficial desta terça e é resultado do processo administrativo disciplinar ao qual Manoel Malaguti respondia por conta das polêmicas declarações

Malaguti foi demitido da Ufes acusado de ter dado declarações racistas em sala de aula Foto: Reprodução Facebook

O professor Manoel Luiz Malaguti Barcelos Pancinha, acusado de ter dado declarações racistas dentro de sala de aula, foi demitido da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A decisão é resultado do processo administrativo disciplinar ao qual o docente respondia por conta das polêmicas declarações. A expectativa é de que a decisão seja publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (10).

De acordo com a assessoria de comunicação da Ufes, o professor já foi comunicado da decisão e já assinou sua demissão. Ele, no entanto, ainda pode recorrer contra essa decisão na Justiça ou no Conselho Universitário. Segundo a universidade, a punição foi aplicada em conformidade com o Estatuto dos Servidores Públicos, presente na Lei 8.112/1990.

Além do processo relativo às declarações proferidas em sala de aula, que resultou em sua demissão, Manoel Malaguti respondia a outro processo disciplinar na instituição, por ter estacionado seu veículo na frente de uma rampa de acesso a cadeirantes dentro da universidade. A Ufes decidiu, nesse processo, aplicar uma penalidade de dez dias de suspensão ao professor.

Um ano após as polêmicas declarações atribuídas a Malaguti, feitas no dia 3 de novembro do ano passado, alunos da Ufes cobravam uma resposta imediata sobre o caso por parte da instituição que, por sua vez, prometera uma decisão até o fim da semana passada

Na sexta-feira, estudantes da universidade comentavam, pelas redes sociais, sobre a demissão do professor. Entretanto a Ufes, na ocasião, não confirmou a informação, já que ela ainda precisava ser publicada no Diário Oficial. Nesta segunda, a instituição informou que toda a documentação referente ao processo de Malaguti já foi encaminhado para Brasília e a demissão do professor deverá ser publicada no Diário Oficial nesta terça-feira.

Relembre o caso

Após voltar a dar aula, o professor enfrentou protestos dentro de sala por parte de estudantes de diversos cursos da universidade Foto: Divulgação

Manoel Malaguti é acusado de racismo por estudantes de Ciências Sociais da Ufes, por supostamente ter feito comentários preconceituosos em sala de aula sobre a política de cotas adotadas nas universidades federais. 

Segundo os alunos, o docente teria dito que "detestaria ser atendido por um médico negro ou advogado negro" e que "o nível intelectual da Ufes reduziu-se com a presença de negros cotistas". O fato ocorreu no dia 3 de novembro do ano passado.

A partir da formalização da denúncia, a Ufes afastou o professor do exercício de sua função e instituiu uma Comissão de Sindicância para, num período de 30 dias, colher os depoimentos dos envolvidos e elaborar um relatório sobre a conduta do docente. No entanto, mesmo afastado e não frequentando sala de aula, o professor continuou recebendo seu salário.

Quatro meses depois do afastamento, Malaguti voltou a dar aulas, mas enfrentou um protesto dentro da sala de aula feito por estudantes de diversos cursos da universidade. Cerca de 20 alunos entraram em uma aula do professor com uma faixa no rosto escrita "Racismo Institucional". O protesto durou alguns minutos.

Dias depois do ocorrido, Malaguti falou com exclusividade ao Jornal Online Folha Vitória e reafirmou as declarações dadas em sala de aula. Com relação aos alunos cotistas das universidades, o docente afirmou que "a maioria sai das escolas praticamente analfabetos" antes de iniciar o ensino superior.

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